08/08/2011

A ilusão do notebook novo... cuidado com a troca.

Todo mundo pensa em trocar seu notebook quando ele começa a demorar demais para iniciar o sistema operacional ou abrir programas e arquivos. Achando que o computador se tornou lento por ser velho e estar ultrapassado, e que não tem mais espaço para guardar aquela montanha de documentos, fotos e vídeos que foram crescendo com o tempo, tentam resolver o problema passeando nas lojas de departamentos, babando com os modelos mais recentes e sonhando em aposentar o velho amigo.

A grande maioria, sem conhecimento técnico suficiente, acaba caindo na lábia de vendedores inescrupulosos que querem apenas empurrar o produto mais sofisticado para o cliente desavisado. A troca acaba saindo cara e pior que isso, muitas vezes o comprador leva para casa um modelo com características desnecessárias para o uso pretendido e ainda descobre que a internet continua inexplicavelmente lenta e o desempenho geral, para uma série de aplicativos, não mudou na mesma proporção do investimento realizado.

No caso de um Macbook da Apple, a diferença entre um modelo 2011 com processador Core i7, para um modelo 2008 com Core 2 Duo, pode chegar a absurdos quatro mil reais! Isso considerando a possibilidade de vender o antigo e usar o dinheiro para ajudar na compra do novo. Na maioria das vezes o computador antigo não é nem vendido. Geralmente é doado para algum membro da família ou mesmo para alguma instituição carente - ação muito louvável e cidadã - mas que não deixa de causar certo prejuízo ao bolso.

Então será mesmo necessário investir milhares de reais, na compra de um computador novo, para a maioria dos usuários de desktops ou notebooks? É possível melhorar o desempenho de computadores com 2, 3 ou mesmo 5 anos de uso investindo um valor menor do que o necessário para a troca de todo o equipamento? Eu diria que, para a grande maioria dos usuários de computadores pessoais, onde o equipamento desempenha tarefas de edição de textos, criação de planilhas matemáticas, criação de apresentações tipo PowerPoint, navegação na web e nas redes sociais e leitura de e-mails, a troca é quase sempre equivocada e desnecessária. E o investimento em modelos mais novos e muito mais caros, jamais se pagará ou justificará.

Vamos tentar entender alguns mitos relacionados a desempenho de computadores pessoais. Para facilitar a explanação vou abordar primeiro os problemas relacionados com a lentidão geral do equipamento, que na maioria das vezes é percebida pelo usuário como um defeito causado pelo tempo de uso ou desgaste do computador. Depois abordarei a questão do desempenho, essa sim, em grande parte, diretamente ligada a idade dos componentes de hardware ou software.

Ao usarmos pela primeira vez um novo modelo de notebook ou PC, inevitavelmente comparamos seu desempenho usando a experiência anterior adquirida em outros equipamentos. Seja em casa ou no trabalho, usamos um determinado equipamento e nos acostumamos com ele. Então ao recebermos um computador novo no trabalho, ao usarmos um notebook recém lançado, que um amigo comprou ou comprarmos um computador novo para nossa casa, notamos grandes diferenças. E imediatamente passamos a achar que determinado modelo parece uma carroça comparado com outro mais novo. Um outro sentimento comum é de que o equipamento, que quando recém tirado da caixa era um foguete, com o passar dos meses de uso, já não nos impressiona tanto, chegando mesmo ao ponto de dar umas travadinhas como o seu antecessor.

Isso acontece, principalmente por dois motivos, excesso de programas e aplicativos instalados, muitos inclusive gerando conflitos com o sistema operacional e programas antivírus e, em segundo lugar, por falta de espaço no disco rígido, depois de zilhões de fotos, vídeos e outras bugigangas que vão entupindo o HD. Então, o sistema operacional e os seus programas preferidos que abriam rapidamente, quando o computador era novo e tinha espaço suficiente no disco rígido, passam a levar uma eternidade para iniciarem. A maioria dos programas destinados aos usuários médios, como editores de textos e planilhas, navegadores web e programas de e-mail, não se tornaram tão mais complexos e pesados com o passar dos anos. Há casos em que até ficaram mais leves e rápidos.

Esses programas, por si sós, não justificariam o aumento da capacidade de computação experimentada, no mesmo período, pelos componentes de hardware. O desenvolvimento dos games, dos aplicativos para manipular imagens, áudio e vídeo e programas mais específicos para computação gráfica e simulação matemática, foram os grandes responsáveis pelo desenvolvimento de computadores mais potentes e velozes. Mas são programas específicos utilizados por uma parcela bem menor de pessoas e instalados quase sempre em estações de trabalho profissionais.

O uso de um computador com processador de última geração não vai fazer muito por sua experiência de navegação na web, por exemplo. A velocidade de abertura de sites e aplicativos online depende muito mais da velocidade de sua conexão com a rede e com a capacidade do servidor onde o site esteja hospedado, do que com a capacidade de sua máquina. Um documento do Microsoft Word contendo muitas páginas com planilhas, gráficos e imagens, não vai abrir mais rápido em um notebook com processador mais avançado, do que abriria no seu velho desktop se o disco rígido estiver lotado.

Precisamos entender que existem atividades em um computador que não estão ligadas diretamente a capacidade de processamento, ou melhor dizendo, ao uso do processador. Alguns documentos ou programas necessitam muitas vezes uma maior capacidade de leitura e alocação na memória de grandes quantidades de dados. E isso está ligado mais diretamente a capacidade do disco rígido em ler esses dados do que processar, efetuando cálculos numéricos e outras variáveis, usando a CPU.

Então para a maioria dos arquivos que utilizamos no dia-a-dia, um computador com uma capacidade adequada de armazenamento, um disco rígido veloz e uma razoável quantidade de memória RAM, é mais que suficiente para nos atender com rapidez e qualidade.

Então chegamos ao ponto principal desse artigo: Trocar ou não trocar seu computador? Se você se encaixa no perfil de usuário mediano, que usa o notebook para tarefas cotidianas, eu diria que não. Basta você trocar o HD velho por um mais rápido e com maior velocidade e talvez instalar mais 2 Gb de memória RAM para voltar a ter aquela relação apaixonada com seu velho companheiro. Aproveitar essa troca para reinstalar o sistema operacional, atualizar os drivers e principalmente deletar programas que não usa mais e fazer uma faxina geral em seus arquivos. Talvez passar para um disco rígido externo, documentos, fotos, vídeos e demais arquivos que não são mais tão usados. Com esses procedimentos simples e investindo pouco dinheiro em peças novas, você terá um computador excelente em mãos.

Agora, se você é um usuário avançado, que necessita rodar aplicativos mais pesados, como jogos e programas de manipulação de vídeo, sons e imagens do tipo semiprofissional, talvez necessite trocar também sua placa de vídeo. Nesse caso, são poucos os modelos que permitem essa troca, pois geralmente as placas de vídeo, mesmo as dedicadas, são soldadas na placa mãe e não podem ser substituídas. Agora se vc tem a sorte de ter um modelo mais avançado, onde a placa de vídeo está instalada em um slot interno, talvez a troca possa ser feita. Mas nesses casos é melhor mesmo trocar o note por outro mais novo e vender o antigo, pois se for um modelo tão avançado assim, certamente não faltarão compradores interessados.

Finalmente, voltando ao exemplo dado no início desse artigo - a troca de um Macbook Core 2 Duo com 3 anos de uso - que pode representar um gasto extra de R$ 3 a 4 mil reais, caso você consiga vender o equipamento antigo por, digamos, R$ 1.000,00., o desempenho do seu Mac novo, para os programas e atividades citadas anteriormente, não vai melhorar significativamente. E por outro lado, com um investimento de R$ 800 a R$ 1 mil reais, você pode turbinar seu note usado deixando-o até mais rápido que um modelo novo, para grande parte dos programas mais comuns. Isso porque são poucos os notebooks novos que já estão vindo com HDD de estado sólido Esse custo está incluindo um SSDHD de 120 Gb, instalação de mais 2 Gb de RAM e atualização do sistema operacional.

Então na hora de trocar seu equipamento existente, por outro novo, fique atento e procure pensar racionalmente. Analise, dentro de uma perspectiva de dois ou três anos, o uso pretendido para o novo computador e faça as contas. Afinal dinheiro ainda não está nascendo em árvores ou enviado via e-mail pelo seu melhor amigo!

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Marcelo Ruiz

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