21/11/2011

Premiere Pro CS5. Colocando as coisas no lugar certo.

Muita gente ainda tem dúvida quanto ao assunto disco rígido e seu papel na edição de vídeos e sua verdadeira importância para o desempenho da ilha de edição e dos próprios programas como o Premiere Pro CS5. Vamos então falar um pouco sobre esse assunto tão polêmico.

Alguns leitores do blog me escrevem dizendo não gostarem ou não confiarem em sistemas de HD em RAID. Antes de entrar no assunto do artigo, vou explicar rapidamente o que é RAID usando linguagem simples e sendo breve.

RAID é uma sigla para Redundant Array of Independent Disks (Conjunto Redundante de Discos Independentes). Um RAID de discos nada mais é que um conjunto formado por dois ou mais discos rígidos físicos trabalhando como se fossem um só. Existem vários tipos de arranjos de RAID. Cada um oferece um tipo de funcionalidade ou mesmo mais de um tipo. Vou citar os que mais nos interessam na edição de vídeo:

RAID 0 – VELOCIDADE – Dois ou mais discos que podem ser de tamanhos diferentes trabalhando juntos sendo o espaço disponível igual a soma das capacidades de cada disco individual. As velocidades de leitura e gravação aumentam consideravelmente a medida que mais discos estão juntos até um certo limite que é determinado pela velocidade do barramento ao qual estão conectados. NÃO OFERECE SEGURANÇA! Se um dos discos do conjunto falhar todo o conteúdo armazenado será perdido em todo o conjunto.

RAID 1 – SEGURANÇA – Dois ou mais discos, sempre em numero par, de mesma capacidade trabalhando juntos, sendo o espaço disponível igual a metade da capacidade total dos discos. Os arquivos gravados em metade dos discos são espelhados na outra metade. Se um dos discos falhar, pode ser trocado em uso e o sistema reescreverá nele o conteúdo perdido guardado no seu par automaticamente. OFERECE SEGURANÇA MAS NÃO TEM VELOCIDADE.

RAID 10 – SEGURANÇA E VELOCIDADE – Quatro ou mais discos arranjados de forma a dar velocidade e redundância de dados. O conjunto de dois ou mais discos em RAID 0 é espelhado em outro conjunto de discos como se fosse RAID 1. SEGURANÇA E VELOCIDADE. Custo elevado e aumento de espaço necessário dentro ou fora da CPU.
Agora que sabemos os tipos de RAID, qual devemos usar? A resposta está na relação custo-benefício. Se há orçamento e espaço no gabinete ou fora dele em um gabinete externo dedicado e nesse caso uma conexão veloz entre o gabinete externo e a CPU o sistema RAID 10 é o melhor.

Se não ha muito recurso financeiro e precisamos de confiabilidade é melhor ir de RAID 1. Mas vamos ter a mesma velocidade de um disco simples. Bom para guardar arquivos importantes como vídeos já editados, mas não adequado para editar material bruto.
Se o recurso é limitado mas necessitamos de velocidade para edição, como no caso de material AVCHD o RAID 0 é o mais indicado. Corremos o risco de perder o material bruto caso um dos discos falhe.

O que eu recomendo e por que...

Eu sou adepto do RAID 0 para todas as situações. As placas-mãe possuem poucas conexões SATA e as placas externas dedicadas para RAID são caras. Os HD’s também não são baratos.

Mas sempre sigo certas regras que já mencionei em diversos vídeos e posts aqui no blog. São elas:

1. Material bruto é ouro. Filmou, guardou com segurança. Tem trabalhos que não podem ser filmados novamente (um casamento) e outros que podem serão caros e difíceis de repetir.
2. Material bruto chegou? É fita? Passa para a ilha de armazenagem (não é a ilha de edição!) e guarda as fitas em local adequado.
3. Material bruto chegou? É media sólida como cartão SDHC? Não pode guardar e nem deve por conta do alto custo do cartão? Passa para a ilha de armazenagem e em seguida para a ilha de edição. Pronto. Você já tem um backup e pode apagar seus cartões para nova utilização.
4. Sua ilha de backup pode ser um computador mais antigo (uma antiga ilha de edição que foi aposentada mas ainda é melhor que a media) e deve ter o máximo de HD’s de grande capacidade em sistema RAID 1. Pronto você além de backup tem redundância na sua armazenagem.
5. Nunca use um HDD mais de um ano! Mesmo que ele esteja perfeito, aposente depois desse período. Você pode usá-lo em sua ilha de armazenagem. Quando estiverem cheios, podem ser retirados da ilha de armazenagem e guardados com segurança, devidamente embalados com plástico bolha para proteção contra quedas e em local seco e seguro.
6. Poupar dinheiro usando HD até o fim da vida útil é um grande erro e pode causar mais prejuízos financeiros que a compra de novos.
7. Acabou de editar um projeto na ilha de edição? Salve os arquivos de vídeos finalizados na ilha de armazenamento e os arquivos de projeto também, caso necessite usá-los no futuro.
8. Apague tudo da ilha de edição antes de iniciar um novo projeto. Se possível formate os HD’s de vídeos brutos e de render e arquivos prontos. Você verá o quanto ganha em velocidade com uma ilha sempre vazia e limpinha!
Se seguir esses passos religiosamente não precisa se preocupar em montar sistemas de RAID 1 ou 10. Se seus HD’s da ilha de edição são sempre novos e com menos de um ano dificilmente darão problemas e mesmo em uma eventualidade de quebra por pico de energia, aquecimento ( não deveria acontecer se vc cuidou disso ao montar sua ilha) ou mesmo por defeito de fabricação, você perderá apenas arquivos brutos que estão seguros na ilha de armazenagem ou, pior das hipóteses, seu projeto inteiro se a pane for no conjunto de discos dedicados ao s arquivos de projeto e vídeos salvos.
Mesmo nesse caso vc pode salvar de tempos em tempos uma EDL (Edition Decision List) de seu projeto em um arquivo pequeno o bastante para caber em um pendrive. E assim recuperar seu projeto inteiro em caso de problemas.
Então vamos a configuração da ilha de edição rodando Premiere Pro CS5 ou superior quanto a configuração dos HDD. Primeiramente você deve saber quais tipos de arquivos o Premiere gera durante o processo de edição e onde estes devem estar localizados.
Antes de começarmos vamos lembrar mais uma vez: NENHUM ARQUIVO DE PROJETO, ARQUIVO BRUTO E OUTROS DEVEM FICAR NO DRIVE C: DA SUA ILHA! Configure sempre o Premiere da forma como vou indicar abaixo para evitar que seu drive C: se entupa de lixo e sua edição fique lenta.
Para obter o máximo de desempenho de sua ilha, principalmente trabalhando com arquivos AVCHD, tenha em mente que você deve ter os seguintes drives em sua máquina (aqui não tem milagre ou jeitinho brasileiro, se não for assim não funciona e não adianta me pedir soluções mágicas):
1. C: > DRIVE DE SISTEMA E PROGRAMAS > SSD HD (HD DE ESTADO SÓLIDO) de 120 Gb (mínimo de 60 Gb já cabe bem o Win7 e o pacote Adobe) para seu sistema operacional e os arquivos de programa de edição. E só!
2. D: > DRIVE DE BLURAY E/OU DVD
3. E: > DRIVE DE ARQUIVOS BRUTOS DE VÍDEO > 4 HD SEAGATE SATA III DE 7200 RPM DE 1 TB EM RAID 0. Aqui vão SOMENTE os arquivos brutos de vídeo de seu projeto e demais arquivos de fotos, musicas e outros que serão usados na edição. Nada mais.
4. F: > DRIVE DE ARQUIVOS DE PROJETO > 2 HD SEAGATE SATA III DE 7200 RPM DE 1,5 TB EM RAID 0. Aqui vão as pastas de projeto do seu trabalho, as pastas de vídeos exportados, as pastas de arquivos de render, conforming de áudio e vídeo e preview que o Premiere gera durante a edição.

Tipos de arquivo gerados pelo Premiere Pro CS5:

Arquivos com a extensão *.prproj: ficam dentro da pasta Adobe Premiere auto Save que será criada onde você salvou seu projeto ao iniciar um trabalho novo no Premiere e desde que tenha indicado isso nas configurações em Edit>Preferences>Media> Criar pasta chamada Media Cache Files e outra pasta chamada Media Cache Database no drive F: (o mesmo em que vc salvará seu projeto.

Arquivos com a extensão *.mpeg (Rendered – sequencia de números e letras. Mpeg) ficam dentro da pasta Adobe Premiere Pro Preview Files e são criados quando um vídeo ou parte de uma sequência de vídeos e efeitos é renderizada na timeline. São esses arquivos que o Premiere executa quando dá play na timeline depois do render. São arquivos mpeg menos compactados que os originais em outros formatos(AVCHD por exemplo) e por isso rodam sem travamentos depois do render. É por isso que essa pasta deve ser criada, ao abrir um projeto novo, dentro da pasta geral que vc criou para seu projeto no drive F: (arquivos de projeto e render) e nunca deve estar no mesmo drive dos arquivos brutos de vídeo (E:) pois eles competem com os originais na hora de um preview. Como são arquivos em mpeg e tem uma certa compactação rodam melhor em um sistema de RAID dedicado.

Arquivos com a extensão *.xmp (Rendered – sequencia de números e letras. xmp) ficam dentro da mesma pasta acima e são os metadados do arquivo mpeg acima, criado quando vc rederizou uma sequencia.

Arquivos com extenção *.mcdb (sequencia de números e letras.mcdb) são arquivos de media cache data base ficam na pasta Media Cache dentro da pasta Media Cache Data Base que você deve criar na primeira vez que instala e abre o primeiro projeto do Premiere Pro CS5 na opção Edit>Preferences>Media. Nessa mesma tela aberta vc aproveita para desmarcar as seguintes opções:
· Save Media Cache files next to originals when possible (se deixar marcado os arquivos de preview vão parar no drive E: onde estão os vídeos brutos originais;
· Write XMP ID to Files on Import (se deixar marcada essa opção, toda vez que mudar um arquivo ou mesmo todo o projeto de computador ou pasta, o Premiere gastará muito tempo fazendo novamente o conforming de vídeo e áudio de todos os vídeos do projeto desnecessariamente);
· Enable Clip and XMP Metadata Linking (idem explicação acima)

Aqui um adendo importante:

Essas configurações são globais para todos os programas da suíte Premiere instalados no seu computador. Modificando os itens acima no Premiere eles tb terão a mesma configuração no After Efects e outros programas. Portanto não mude essa configuração no After, por exemplo, para não perde-la no Premiere.
Se você ja usa o Premiere Pro CS5 a algum tempo, abra qualquer projeto existente vá em Edit>Preferences>Media e faça essas alterações criando essas duas pastas no drive apropriado (aquele que vc guarda seus vídeos brutos em caso de não ter o sistema de HD’s em RAID que eu indiquei aqui) para evitar que esses arquivos sejam criados aleatoriamente pelo Premiere no seu drive C: pois isso é o default do programa e acaba entupindo seu drive C: depois de vários projetos.
Depois de criadas as novas pastas, vá em C:/usuarios/seu nome/AppData/Roaming/Adobe/Common/ e apague as pastas Media Cache e Media Cache Files que estão lá. Normalmente quando vc indica ao Premiere o local novo dessas pastas ele lhe pergunta se é para transferir, manter ou apagar os arquivos de lá. Mas para garantir apague as pastas depois de transferir os arquivos.

Muitos clientes me mandam maquinas misteriosamente travadas com o drive C: entupido e sem espaço por conta dos vários gigabytes de lixo guardados nessa pasta escondida e não se dão conta que o computador estava lento por conta desse detalhe.

Arquivos com a extensão *.cfa (sequencia de números.cfa) são arquivos de conforming de áudio gerados pelo Premiere cada vez que um novo arquivo de vídeo contendo áudio ou um arquivo de áudio é adicionado a timeline pela primeira vez ou algum arquivo desses é mudado de pasta. Ficam na pasta Media Cache Files que deve ser criada no drive F: de sua ilha ao instalar o Premiere pela primeira vez ou modificar sua instalação conforme explicado no item anterior.
Arquivos com a extensão *.pek (sequencia de números.pek) são arquivos de normalização de áudio que ficam na mesma pasta acima e com a mesma explicação anterior.
Arquivos com a extensão *.mpgindex (sequencia de números e letras.mpgindex) são arquivos de indexação dos arquivos de render de vídeo e áudio criados quando uma sequencia é renderizada. São complementares aos arquivos *.mpeg e ficam também na pasta Media Cache Files.
Arquivos com a extensão *.prmdc (mesmo nome do projeto - sequencia de números.prmdc) são arquivos de metadados do cache de cada projeto e ficam dentro da pasta Metadata Cache em C:/users/seu nome/arquivos de programa/adobe/premiere pro/5.0 e não podem ser mudados de lugar. Geralmente tem menos de 200 Kb e podem ser apagados de tempos em tempos quando os projetos não forem mais necessários e tiverem sido deletados da sua ilha. Não pesam nada no desempenho do computador e demorarão muitos anos para encherem seu HD. Mas depois de terminado um projeto passam a ser lixo.
Arquivos com a extensão *.m2t, *.avi, *.mpg, *.vob, *.mpeg, *.mts, *.mp4, *.wav e demais arquivos de áudio, vídeo e imagens são arquivos geralmente importados por você para seu projeto e devem sempre ficar no drive E: ou outra letra qualquer, dedicado aos arquivos brutos de projeto. No caso de vídeos finalizados e exportados, seu trabalho pronto para o cliente, eles devem ser exportados para a pasta Vídeos Finalizados dentro da pasta do projeto correspondente no drive F: (ou qualquer outra letra) que é usado para arquivos de projeto e render e nunca no drive de Vídeos Brutos ou drive de sistema e programas.

Bem pessoal, acho que é isso. Se eu esqueci de alguma coisa por favor comentem. Como vocês podem ver o assunto RAID é complexo e o assunto distribuição de arquivos dentro de drives e pastas no Premiere mais ainda. Por isso alguns colegas ainda sofrem dificuldades com travamentos e demora de render e exportação no Premiere, mesmo tendo montado máquinas com componentes de primeira linha.

Volto a afirmar que não adianta o melhor processador, placa-mãe, memória, fonte e gabinete se você tentar economizar nos discos rígidos. Eles ainda são a maior fonte de lentidão em qualquer computador. Até que os discos rígidos de estado sólido tenham grande capacidade e diminuição de custo em termos de R$/Gb armazenado, a melhor escolha para obter velocidade de leitura e gravação são os arranjos de discos em RAID 0.


Grande abraço a todos! 

Marcelo Ruiz

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Marcelo Ruiz

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