Atenção: Artigo revisto e atualizado em
relação a publicação de Jan/2012. Os comentários e dúvidas foram incorporados
ao novo texto. Para novos comentários usem a página de Duvidas e Sugestões.
Esse post não aceita comentários.
Na imagem, a esquerda, fragmento de fotograma do filme mudo "Nosferatu" (Alemanha, 1922, F.W. Murneau) e a direita, detalhe de cena do filme "O Hobbit" (EUA, 2012, Peter Jackson) |
O assunto desperta dúvidas na maioria dos
profissionais de vídeo e esse post sempre foi muito lido e comentado. Por isso
resolvi rever e ampliar o texto original, incorporando as dúvidas mais
frequentes dos meus leitores na forma de adendos ao texto original. Na hora de
captar uma cena ou iniciar um movo trabalho vem a questão: 60i, 60P, 30P 0u
24P? Como vou ajustar minha câmera? Desde a edição original desse artigo, o
formato 60P – antes restrito a poucas e caras filmadoras – agora se tornou
comum, mesmo em equipamentos amadores de baixo custo. Alguns inclusive,
curiosamente, nem chegam a oferecer mais as opções 30P ou 60i. Na verdade a
adoção mais frequente do formato 60P ainda trouxe mais confusão ao tema.
Teoricamente o formato 60P seria o mais
adequado para aquisição atualmente, pois permite a finalização em diversas outras
opções. A maioria dos novos modelos de
câmeras profissionais e amadoras só filmava 60 quadros progressivos (60P) no
formato 1280 x 720 (também chamado de 720P), que é o modelo de alta definição adotado
ainda na maioria dos países europeus e outras partes do mundo. Aliás existem
profissionais que afirmam ser o 720P 25 (formato PAL) muito melhor que o padrão
1080i 60 (NTSC entrelaçado), em temos de definição de imagens. E esse é o
padrão adotado no Japão ( em fase de mudança já para o Ultra HD), nos EUA e no
Brasil e outros países do mundo.
Esse padrão, adotado do sistema japonês, que aqui é chamado de SBDTV (Sistema Brasileiro
de Televisão Digital) ou ainda de “ISDB-T
International”, é usado também nos
discos BluRay e em vários outros formatos, com resoluções
menores, para aplicações de TV para telefonia celular. Eu concordo com essa
teoria, mas particularmente prefiro sempre filmar em 30 frames progressivos e
no decorrer desse artigo vou explicar a razão.
Vale ressaltar que o formato HD 720P, com
tamanho de quadro de imagem com 1280 x 720 pixel, acabou dando origem a uma
denominação errônea chamada de Full HD, que
se refere ao formato de quadro de 1920 x 1080 pixel. Existe até uma logomarca,
em preto e dourado, que é muito usada ainda pelos fabricantes de equipamentos
de vídeo para ressaltar as qualidades do mesmo em relação a “baixa alta
definição” (o termo é invenção minha).
Eu digo isso, porque não existe essa tal
definição Full HD. Vamos entender isso
direito. A palavra full quer dizer
cheia, completa em inglês. Então o termo vai se referir a uma alta definição
completa ou cheia. E o que seria uma alta definição não cheia ou incompleta?
Isso é bastante subjetivo. Até mesmo porque a partir desse ano de 2013, com a
popularização do cinema digital e da televisão em 4K, ou super alta definição,
o que era Full HD (1080P ou i) deixa
de ser “full” para ser meia boca.
Para os europeus, acostumados há vários
anos com seus televisores HD de 720P, alta definição é 1280 x 720 25P e ponto
final. Então cada vez que aumentarem a
quantidade de pixel do quadro de vídeo, a definição anterior será considerada
ultrapassada. Vamos portanto esquecer esse negócio de falar Full HD ou Half HD.
Feito esse pequeno aparte para definição de
termos, vamos falar da cadência de quadros, ou frame rate, ou FPS ou ainda QPS.
Tudo a mesma coisa. Para começar do começo,
temos que entender de onde veio a base, que seriam os famosos 24 quadros
por segundo do cinema, em filmes de película fotográfica, inventado á mais de
um século. Desde que os cientistas começaram a estudar o movimento de objetos,
animais e pessoas, através da fotografia, usando diversas técnicas, como a de
fotogramas em sequência, chegaram a conclusão que, por conta do fenômeno da
persistência de uma imagem em nossa retina, várias delas passadas rapidamente em série, faziam nosso cérebro
ter a impressão de movimento.
E através de experimentos, chegaram a
conclusão que o mínimo aceitável, para enganar nossos sentidos, seria uma
sucessão de 24 quadros por segundo. Daí surgiu o cimema comercial. Na verdade,
a taxa ideal e perfeita seriam 48 quadros por segundo. O grande cientista e
inventor Thomas Edson, que entre outras coisas, inventou a lâmpada elétrica,
comprovou isso cientificamente, quando pesquisava, nos anos 20 do século
passado, o embrião do aparelho de televisão. Só que, como o cinema usava filme
fotográfico, coisa muito cara e trabalhosa de ser manuseada, acabaram ficando,
por razões comerciais e práticas com os 24 quadros, que estão aí até hoje.
Quer dizer, estavam. O recente filme “O
Hobbit – Uma viagem inesperada” do diretor Peter Jackson, se tornou o primeiro
filme comercial rodado e exibido no novo formato de 48 quadros por segundo,
proposto por outro diretor – James Cameron – para a indústria de cinema em
2010, durante um seminário do qual participaram outros diretores, engenheiros e
fabricantes de filmadoras e projetores digitais de cinema. O padrão, que já era
usado em uma espécie de truque, fazendo com que, tanto filmes em película,
quanto os digitais filmados em 24 quadros, tivesse cada frame duplicado e
passado 2 vezes, obtendo-se assim os 48 quadros.
Eu me referi a truque, pois apesar do efeito
melhorar a percepção, nas cenas com mais movimento, na verdade o filme original
não foi captado a 48 quadros por segundo. No caso do “Hobbit”, o diretor usou
equipamentos digitais programados para captar 48 ou 60 quadros por segundo,
conseguido assim uma grande fluidez de movimentos em passagens de ação. Mas – e tem sempre um mas – em toda
novidade, o resultado não agradou a todos e choveram críticas. Vou me estender
nesse assunto, pois ele vai nos ajudar a seguir a diante. E entender como nosso
cérebro se comporta diante de imagens em movimento sequenciais, nos
ajudará a escolher com segurança qual
taxa de quadros usaremos no nosso próximo trabalho, pois não existe uma certa
ou ideal.
Voltando ao cinema mudo do início do século
20 e depois fazendo um salto para 2013 com nosso amigo Hobbit, temos os dois
paradoxos da imagem. Quem nunca assistiu aos filmes mudos de Charles Chaplin, o
Carlitos? E outros filmes mudos dos primórdios do cinema? Todos eles tem uma
característica comum que era o movimento acelerado dos movimentos. Isso
acontecia pois as câmeras eram manuais e dependiam da habilidade do
cinegrafista com a manivela para dar a cadência certa. Depois, com as câmeras
com mecanismo de corda, as taxas de frame, por medida de economia, podiam ser
reguladas entre 18 e 24 frames.
Alguns anos depois do cinema ser inventado
e se popularizado, é que as taxas foram definidas em 24 frames por segundo
definitivamente. E muitas décadas mais tarde, com a chegada da televisão, esses
filmes foram passados para os 30 quadros do sistema NTSC, contribuindo mais
ainda para que os movimentos ficassem com aquela característica. Mas antes
disso, o próprio Chaplin usou o recurso de filmar a menos que os 24 quadros, mesmo depois dos 24
FPS se tornarem o padrão , poia ele
achava que isso tornava as cenas mais
cômicas. Era o famoso “defeito especial”.
O que acontece se assistirmos a uma filme
abaixo de 24 quadros é que nosso cérebro percebe o truque e vemos os pulos
entre os fotogramas. Principalmente com objetos e pessoas se movendo rápido no
quadro da imagem ou se a câmera se movimentar rapidamente. Em cadências acima
de 24 quadros, como nos 48 FPS do Hobbit
de Peter Jackson, os movimentos se tornam cada vez mais fluidos e a mudança dos
objetos em movimento na tela se torna quase perfeita de um quadro a outro.
Porém isso tem um custo. Os críticos que dividiram as opiniões sobre o filme,
reclamaram que os 48 frames por segundo, agregados ao uso das câmeras 4K com
super definição, tiraram a atenção do cérebro da estória que estava sendo
contada, para os detalhes ultra realistas das imagens, fazendo com que a
imersão na emoção, a característica mais importante de uma filme, fosse
perdida.
Temos que entender, quando filmamos uma
cena qualquer, seja ela um documentário, um drama, um comercial para televisão
ou um evento social, que o mais importante, muitas vezes, não é o que está
dentro do quadro captado pela câmera. O fora de quadro é tão importante quanto.
O enquadramento ou não de algo que está acontecendo na frente da câmera, também
nos ajuda a contar a estória e a criar o clima que queremos passar ao
espectador. E para o espectador entrar nesse clima que criamos, posteriormente,
na sala de cinema ou no sofá de casa, é preciso que o cérebro seja iludido ao
ponto de embarcar dentro da imagem, dentro da visão de quem “viu” a cena. E temos aí outro conceito. A câmera objetiva
ou subjetiva.
Mas tudo isso pode ser muito perturbado
pelo excesso de realidade. Os estudiosos de cinema que defendem os 24 quadros,
o fazem citando principalmente o blur
causado pela baixa velocidade do diafragma e da cadência de quadros, que fazem
com que os objetos em movimento deixem um rastro em cada fotograma. E esse
rastro ou borrão (blur) é citado como
o grande elemento de ligação entre os quadros, fazendo não apenas com que nosso
cérebro tenha a ilusão do movimento
quanto a imersão na estória que está sendo contada. A teoria é mais ou
menos simples: quanto menos detalhes houverem na cena para distrair a atenção
do espectador para o drama, mais ele vai se identificar com os personagens e os
fatos sendo narrados, sejam eles verdadeiros ou não.
Na fotografia, no cinema e na televisão, a
principal função do fotografo é captar a ideia do roteiro ou do diretor ,
levando o olho do espectadora percorrer a cena, exatamente como planejado. Se
isso falhar, o expectador vai desviar o olhar para outra parte do quadro – e
isso é particularmente perigoso na tela imensa do cinema, onde há muitos
locais, no fotograma, para a mente se perder – levando a imaginação para outras
estórias paralelas, que podem acontecer somente na cabeça daquele espectador.
Por isso é comum, ao sairmos de uma filme
com outros amigos, que alguém fale a famosa frase “vocês viram aquilo, naquela
cena?” e muitas vezes ninguém pode ter
visto o detalhe contado por esse alguém. Ou ainda uma parte do público se
emocionar e chorar e outra chegar a rir na mesma cena. Ou o filme ser adorado por uns e odiado por
outros. Entendido de várias maneiras pelo mesmo espectador ou simplesmente não entendido de forma alguma por
algumas pessoas.
Todas essas variações de sentido e gosto
que determinam o sucesso ou fracasso de uma peça audiovisual estão intimamente
ligados ao caráter subjetivo da imagem estática ou em movimento, dependendo de
fatores como o enquadramento, a velocidade de movimento da câmera, a luz, a cor
e a cadência de quadros por segundo. Outros fatores que são determinados ou
determinam essas variáveis que citei, são o tipo de lente escolhida, a abertura
da íris dessa determinada lente e a velocidade do diafragma escolhida.
Falando especificamente da cadência de
quadros (FPS) e da velocidade de diafragma, não podemos deixar de citar a regra
de ouro dos 180 graus. E o que vem a ser isso? Acontece que no cinema, a
velocidade de abertura e fechamento do obturador em cada quadro, que vai
determinar quanto tempo a película ou o sensor eletrônico de imagem vai receber
luz (captar a imagem processada pelas lentes), é medida em graus. Isso porque o
obturador das câmeras que usam película
e das câmeras mais avançadas, que usam sensor eletrônico (CCD ou CMOS), é constituído por um disco redondo, formado de
duas partes, ou semicírculos. Ao sobrepor parcialmente os dois, deixando uma
abertura angular para a passagem da luz (imagem)- que é medida em graus - e
fazendo esse conjunto girar sobre o próprio eixo, em perfeita sincronização com
a cadência de quadros (ou seja, 24 rotações por minuto), cada fotograma vai
receber a luz da cena um determinado tempo.
A abertura padrão, medida em graus, para
esse obturador (não confundir com abertura do diafragma da lente) é geralmente
de 180 graus. Ou seja, durante o tempo que cada frame é posicionado na frente
da lente. o obturador fica aberto metade desse tempo. A outra metade de tempo,
onde o obturador está fechado, é usada para posicionar o próximo quadro do filme
na frente da lente ou, no caso das câmeras digitais, gravar a informação
captada por cada pixel do sensor de imagem e desligar ou zerar o sensor,
descarregando a carga elétrica para prepara-lo para a próxima captura de frame.
Usando uma pouco de matemática básica,
veremos que, se o filme ou sensor capta 24 quadros por segundo, cada quadro
capta 1/24s da ação filmada e, se o
obturador fica aberto metade desse tempo (180 graus é metade de uma rotação de
360 graus do obturador), temos um tempo combinado de 1/48 segundos de exposição
de cada quadro. Acontece que na maioria das câmeras de vídeo, a medição desse
tempo não é feita em graus (embora filmadoras como a Panasonic AG-HVX200, uma
das primeiras usadas para fazer cinema digital, tivesse a opção de usar graus
ou segundos para regulagem de obturador), e sim é usado o tempo em segundos na
forma de fração (1/X segundos).
Por isso se recomenda usar a velocidade de
1/60s de “shutter speed” como a
velocidade mínima aceitável para filmagens. Pois ela corresponde, em um vídeo
NTSC a 29,97 quadros por segundo, a metade do tempo de exposiçãoo de cada frame
a luz, ficando dentro da regra do obturador a 180 graus do cinema. Inclusive ,
no caso cada vez menos frequente de se transpor o vídeo para película de
cinema, o processo de gravação, e colorização vai ser o mesmo do processo
fotoquímico baseado em velocidades de 180 graus.
É por isso também que, em câmeras de vídeo
que tem a possibilidade de filmarem em 24 quadros por segundo, existir a
velocidade de shutter de 1/48s
correspondente aos 180 graus usados nas câmeras de cinema. Então agora você
pode entender a recomendação que eu e outros profissionais fazem em seus
artigos, sobre procurar usar sempre a câmera no modo manual e regulada com shutter speed de 1/60s. Essa
recomendação visa obter a mesma fluidez e o tipo de blur existentes nos filmes para cinema, com os quais a visão e o
senso comum dos expectadores estão mais familiarizados.
Isso não quer dizer que não se possa ou deva usar outras
velocidades. Nas câmeras de cinema de película, existe um parafuso que aciona o
mecanismo de regulagem do obturador, de forma que o cinegrafista possa aumentar
ou diminuir o angulo de abertura para um valor mais conveniente com o tipo de
cena a ser captada. Em caso de cenas com muita ação e para dar uma certa
dramaticidade, evitando mais o blur e deixando
os objetos mais nítidos, dão usados ângulos menores como 18 graus por exemplo,
que corresponderia a um shutter speed
de 1/600s em uma câmera de vídeo operando a 30 quadros por segundo.
Vemos muito esse tipo de efeito em filmes
de guerra ou acidentes de carros, onde os estilhaços de granadas e bombas e
pedaços do automóvel parecem estar em câmera lenta, dando pulinhos na tela.
Vemos esses objetos dessa forma, porque o blur
não está mais presente e o objeto não deixa um rastro no frame. Mas será que
esse excesso de nitidez é necessário e cabe em todas as cenas de um filme ou
vídeo? O que dizer de uma casamento? Onde um clima de sonho e romantismo,
geralmente representado na fotografia pela ligeira falta de foco e um suave
borrado (blur) remete a nossa
percepção da lembrança de nossos sonhos? O que devemos buscar é exatamente o
contrário de uma imagem hiperrealista.
Antes de prosseguirmos com o assunto e
fecharmos esse artigo com a definição e aplicação das diversas cadências de
quadros, amos fazer algumas simulações de taxas de quadros usando um programa disponível no endereço http://frames-per-second.appspot.com (esse link leva a outra janela
do navegador para o site). Depois de simular as diversas possibilidades,
procurando ver com atenção o comportamento dos objetos em movimento e fazendo
seu próprio juízo estético dos resultados, volte a essa página e continue lendo
as conclusões de nosso artigo.
Na imagem acima, detalhe da página do simulador de taxas de quadros por segundo
(disponível no endereço eletrônico http://frames-per-second.appspot.com)
Qual taxa de quadros é mais adequada ao meu projeto?
Formato
60 campos entrelaçados (60i) (29,97 frames/segundo):
Não confundir o formato 60i com o formato
30P, erro muito comum, ja que todos os dois tipos de vídeo são formados por
29,97 frames por segundo. É importante não confundir o termo CAMPO com a denominação
de FRAME ou QUADRO. Lembre-se que 1 FRAME pode ser formado de apenas 1 campo
PROGRESSIVO ou por 2 CAMPOS ENTRELAÇADOS e denominados UPPER FIELD (campo
superior) ou LOWER FIELD (campo inferior), cada um contendo apenas METADE DAS
LINHAS HORIZONTAIS que formam o frame entrelaçado.
Cada campo (superior e inferior) é capturado
sucessivamente em intervalos de 1/60s e logo em seguida unidos para formar um
quadro (frame) entrelaçado com duração de 1/30s, o tempo de cada campo
entrelaçado corresponde ao mesmo tempo de um frame progressivo em um vídeo
filmado em 60P, ou seja, um sessenta avos de um segundo. O problema é que cada
campo só contem metade das linhas e consequentemente metade da informação da
imagem.
Se mais quadros são capturados por segundo,
em um vídeo entrelaçado 60i, mais fluido
se tornam as cenas em movimento certo? A resposta é sim e não! Sim porque são 60 capturas da cena por
segundo, como no vídeo progressivo 60P e infelizmente não, porque cada um
desses 60 pedaços ( campos) só contem metade da informação da imagem em linhas
pares e impares. Como cada um é capturado em um espaço/tempo diferente e
sucessivo, as linhas de contorno dos objetos em movimento não se encaixam
perfeitamente formando o serrilhado tão odiado. Para entender mais
profundamente as diferenças e o funcionamento dos vídeos entrelaçados e
progressivos, leita também o post “Entrelaçado
ou Progressivo, eis a questão!”.
Mas se o formato 60i tem esses problemas de campos e do serrilhado,
porque ainda é usado? A resposta é que na maioria dos sistemas de transmissão
de televisão por ondas terrestres e satélites o formato utilizado é o vídeo
entrelaçado. Mesmo hoje em plena era da transmissão de sinais digitais em HD,
os países que adotam o formato 1080 linhas, transmitem em 60i (entrelaçado),
como é o caso do Brasil, Estados Unidos e Japão entre outros. Isso porque, como
a banda de rádio por onde os sinais trafegam é limitada, o formato entrelaçado
economiza largura de banda, pois a portadora carrega aos mesmo tempo os dois
sinais dos campos diferentes (em uma onde senoidal alternada).
Esse técnica vem sendo usada desde o início das transmissões de
televisão, desde a década de 30 do século passado e se tornou um padrão. Mas e
os aparelhos de televisão? Bem, eles evoluíram mais rápido e hoje os velhos
televisores de tubo de imagem (CRT), aptos a receber e exibir nativamente os
sinais de vídeo entrelaçados, estão quase extintos. Aos poucos todos estão
sendo trocados por modelos de LED ou LCD. Bem como os monitores dos
computadores. No caso dos monitores de informática, os modelos de tubo (CRT) já nem são mais
fabricados. E os monitores digitais são todos progressivos.
Então todos os monitores digitais de LCD, LED ou Plasma, tem que
possuir um circuito interno capaz de converter os sinais entrelaçados de vídeo
para o modo progressivo. Inclusive os monitores de computador, já que com a
popularização dos drives de DVD a partir de 1990, todo computador passou a ser
capaz de tocar DVD comerciais de filmes que são, em sua maioria, todos
entrelaçados. Hoje já se tornou um padrão que todo monitor digital nativamente
progressivo, tenha um processador de sinal interno capaz de lidar com vídeos
entrelaçados em diversos padrões (NTSC, PAL, 24, 25, 30 ou 60 fps).
Quando só haviam os monitores de tubo de imagem (CRT), não havia o
problema do serrilhado, já que os monitores exibiam corretamente os sinais. O
problema só era notado nas imagens em câmera lenta ou nos sinais provenientes
de videocassetes e DVD, quando o usuário dava pausa na imagem. Outro agravante
para o sistema entrelaçado surgiu com os formatos em alta definição como o HDV
da Sony e o AVCHD ou h.264 que um padrão aberto. Todos usam a ordem de campos
UPPER FIELD FIRST (UFF) ao contrário dos vídeos em baixa definição que usam o
formato LOWER FIELD FIRST (LFF). Mais uma vez indico a artigo
sobre vídeos entrelaçados e progressivos para entender melhor o assunto.
E esse é realmente um ponto importante. A maioria dos leitores, que
me escrevem relatando perda de qualidade excessiva, tremidos e serrilhados
exagerados na passagem de vídeos capturados em câmeras HD, depois de gravados
em DVD, estão tendo esses problemas por não estarem atentos a ordem dos campos
dos vídeos entrelaçados. Não custa lembrar mais uma vez: Vídeos HDV e AVCHD
capturados em formato 60i são entrelaçados com o campo superior vindo primeiro
(UFF) e os DVD são codificados em vídeo entrelaçado de baixa definição (SD) com
campo inferior exibido primeiro (LFF).
Existem diversos softwares que, usando interpolação de quadros,
conseguem transformar corretamente os vídeos entrelaçados em progressivos, com
diversas taxas de frames (24, 25, 30 ou até mesmo 60P). E cada programa de
edição lida de um modo próprio para converter e dar conformidade nos vídeos
progressivos e entrelaçados, para fins de edição e exportação. O importante é
jamais inverter a ordem de campos. O problema da dominância de campos não
acontece se o padrão HD é mantido. Então filmar a 60i em HD e passar o conteúdo
para um disco BluRay, mantendo essa
definição, não haverá mudanças na ordem dos campos, pois será mantido esquema upper field fisrt (UFF).
Os formatos nativos dos
aparelhos e discos BluRay são: 1080i 60, 1080P 29,97, 1080 24P, 480i 60, 480P
30 e 480P24. Como podemos ver, ainda não foi acrescentado o formato 1080P 60.
Resumindo:
Se sua câmera só capta HD em 1080i 60 (a exemplo da Sony HVR Z1U),
procure manter o vídeo final no mesmo formato entrelaçado e em alta definição.
Você não vai ter problemas de serrilhado excessivo, mesmo nas cenas mais
movimentadas, desde que não inverta acidentalmente a ordem dos campos na
exportação para o disco BD-R.
Se necessitar converter de alta definição para o padrão SD 720 x 480
e quiser continuar com o vídeo em formato entrelaçado, deve verificar e ajustar
seu programa de edição para exibir, na timeline
do projeto, a ordem correta dos campos e na exportação para DVD usar a mesma
ordem original de dominância. Como a maioria dos vídeos entrelaçados em formato
SD é Lower Field First por padrão, uma timeline
com uma sequencia de vídeo DV480i 60 será sempre Lower Field First. Se a esta sequência for acrescentado um vídeo
entrelaçado com ordem de quadros Upper
Field First, o correto é escolher, nas opções do clipe, o formato Reverse
Field Dominance, que vai inverter a ordem do clipe em questão, fazendo-o
casar com a ordem da timeline. No Adobe Premiere Pro, por exemplo, isso é
feito clicando no clipe desejado na timeline
ou na janela de projeto e em seguida em Clip
> Video Options > Field Options marcando a caixa de diálogo Reverse Field Dominance.
Outro fator a ser considerado, no caso de transformar um vídeo
entrelaçado em progressivo, é que a maioria dos programas de edição, por
default, descartam um dos campos, geralmente o campo que não é o primeiro na
ordem de exibição, duplicando o campo dominante para criar um quadro
progressivo. O problema do serrilhado desaparece, mas 50% da definição de
imagem, cor e luminância que estavam no quadro descartado, desaparecem também,
criando um vídeo final com um efeito parecido com um blur e um pouco menos
contrastado.
Formato 60P (59,94 frames/segundo) progressivos:
Antes
restrito a poucos modelos de câmeras de ponta, com preços elevados, agora está
presente até mesmo em handycams de
baixo custo, voltadas ao segmento amador. É o novo chamariz dos fabricantes
para tentar mostrar a superioridade tecnológica de seus produtos. Os 60 quadros
por segundo são anunciados como a solução mágica para uma imagem de qualidade
absoluta. Não é bem assim. Como já vimos antes, não é apenas a clareza absoluta
de detalhes que fazem uma cena ser adequada a contar a estória que o roteiro
pede. Como no caso do “Hobbit” – onde
o diretor Peter Jackson, com toda a sua experiência e competência, conhecia os prós e contras, e desejou mesmo
esse choque de realidade no espectador – as coisas podem não sair conforme o
planejado.
A
clareza de detalhes e a quase perfeição das cenas com movimentos rápidos de
câmera ou objetos, é algo bastante interessante para exibir as cenas de sua
última viajem de férias na praia, com cores brilhantes e realistas, ou ainda
para um canal de notícias ou esportes mostrar todos os detalhes da matéria ao
espectador. Melhor uso do 60P se faz para produzir excelentes passagens em slow motion (câmera lenta ou superlenta)
com movimentos orgânicos e suaves. Filmar em 60 quadros usando as imagens em
uma timeline de 30 fps, dobra o tempo
da cena e diminui em 50% a velocidade. Nem o melhor software de efeitos
consegue fazer um slowmotion tão
perfeito.
Então,
resumindo as coisas, use com cuidado o 60P. Se o conteúdo do seu vídeo é documentários
da natureza, notícias ou necessita de uma passagem em câmera lenta, você está
no caminho certo. Se quer realizar um drama ou documentário mais intimista e
romântico, pense em 24 ou 30P.
Formato 30P (29,97 frames/segundo)
progressivos:
O
formato 30P reúne muitas vantagens, sendo bastante versátil. É também o formato
mais popular de vídeo, estando presente nas configurações de quase todas as
filmadoras atuais. É ainda o padrão para transmissões de televisão comercial em
sistema NTSC em vários países. Pode ser convertido com facilidade no formato
entrelaçado 60i ou nos formatos 24 ou 25P, para aplicações em cinema digital ou
vídeos no formato PAL europeu, respectivamente.
Quanto
ao aspecto visual, ele não apresenta tanto efeito de blur e o tremulado
(flicker), característico dos filmes para cinema captados em 24 quadros por
segundo, bem como não tem a aparência
realista e dos vídeos captados em 60i ou 60P para a televisão comercial, que se
costuma classificar com um visual de documentários ou telejornal, que também,
conforme comentamos no início desse artigo, é uma característica dos novos
filmes ultrarrealistas captados em 60 fps como o “Hobbit” .
Mas
tudo isso é muito teórico, pois depende do tipo de sensor e da tecnologia utilizados
na câmera. Pois ainda existem modelos que não filmam nativamente em 30P direto
do CMOS (a exemplo das DSLR como a Canon 5DMKII), captando o vídeo em 60 campos
entrelaçados e transformando esse fluxo,
via processador interno de imagens em 30 quadros progressivos, por meio de uma
técnica chamada pull down ou
entrelaçamento de quadros.
E
mesmo o modo progressivo nativo das DSLR, como a Canon 5DMKII, apresentam certos problemas. O uso do CMOS diminuiu
custos e popularizou os equipamentos que
suportam o modo progressivo, mas devido ao tempo que o processador interno de
imagem leva para escanear a imagem formada no CMOS (de cima para baixo e da
esquerda para a direita), para gravar o frame inteiro na memória de buffer, antes
deste ser transferido para a mídia de armazenagem, ficou mais evidente o efeito
de rolling shuter. Também chamado de jello efect (efeito de gelatina), é caracterizado
pela deformação de elementos verticais da imagem, como se estivessem caindo ou
balançando lateralmente como um prato de gelatina. Isso acontece
predominantemente em movimentos laterais rápidos da câmera, mesmo em objetos
estáticos como prédios altos, como em objetos em grande velocidade como
automóveis ou hélices de aviões, mesmo com a câmera parada. Geralmente, nesses casos, as imagens se
mostram distorcidas da metade do frame para baixo em casos de filmagem de
veículos em movimento.
Isso
ocorre, porque a imagem vai se movimentando ao longo do espaço/tempo enquanto o
sensor CMOS ainda está formando um quadro inteiro de vídeo. Então, do início da
captura no canto superior esquerdo do sensor, ao final desta no canto inferir
direito, em um único frame, há a mudança de posição dos objetos captados. O
efeito semelhante nos sensores mais antigos tipo CCD ou mesmo em filmes de
película, é o blur (borrado) desse objeto na imagem.
Resumindo:
Eu
prefiro trabalhar em 30P e na medida do possível usar a regra dos 180 graus,
com velocidade de obturador (shutter
speed) em 1/60s obtendo um visual mais fílmico. E caso seja necessário
captar cenas com movimentos rápidos de câmera ou objetos, sempre há o recurso
de abrir mais a íris da lente e usar velocidades mais altas de shutter (de preferência múltiplos de
1/60 como 1/125s ou 1/250s), e obtendo uma imagem com menos blur. Em cenas com iluminação muito
deficiente e imagens com pouco movimento, como depoimentos de pessoas em
ambientes de penumbra, ainda se pode usar uma velocidade de obturador
externamente baixa como 1/30s.
Mas
sempre é o caso de testar e experimentar o equipamento em diversas situações de
captação, bem como as possibilidades de configuração que ele nos permite. Assim
podemos escolher, com segurança, qual opção é melhor para nossa câmera e para a
cena a ser captada. Digamos então que o versátil formato 30P é um meio termo
entre o visual do cinema e o do telejornal.
Formato 24P (23,976 frames/segundo) progressivos:
Chegando
ao fim de nossa jornada, onde deixei para falar dele propositalmente por
último. O belo e polêmico 24P – bem explicado que a palavra polêmico aqui se
refere a seu uso em vídeo e televisão – que no cinema ainda reina absoluto,
embora ameaçado pelas novas experiências em 48 e 60P, tem sido objeto do desejo
de videografistas, desde que foi introduzido nas primeiras câmeras digitais, no
final dos anos 90.
Modelos
como a pioneira Canon XL1, Sony PD200, Panasonic HVX100 e JVC HD100, ao
oferecerem a velocidade de 24 quadros por segundo, em modo nativo ou através de
pulldown, iniciaram a revolução do
cinema digital de baixo custo e aceleraram o processo de substituição da
película pela captação digital. E mesmo hoje, com as câmeras digitais de ponta
para cinema, capazes de captar em 120 frames ou mais por segundo, o bom e velho
24P ainda é o formato preferido e oficial dos diretores de cinema.
Não
vou me alongar na descrição das suas características e vantagens, porque ao
longo desse texto, já explanamos bem o
assunto nas comparações que fizemos dele como outros formatos. No entanto,
precisamos ressaltar alguns detalhes. Se você está captando para televisão e
vai precisar, obrigatoriamente, passar o conteúdo para 30P ou 60i na
finalização, pense duas vezes. Tenho visto muitos diretores de fotografia e videomakers insistir em seu uso, nesses
casos, para conseguir um tal “visual de cinema” em suas produções e depois se
verem as voltas com problemas de cadência na passagem de certas cenas para os
30 quadros por segundo.
O “visual de cinema” a que se referem, pode e
deve ser conseguido mesmo filmando a 30 quadros, pois depende muito mais de
outros fatores já comentados, como tipo de lente usada, profundidade de campo
escolhida, velocidades de obturador e abertura de íris. Agora, se você vai
poder finalizar seu trabalho diretamente em DVD ou BluRay ou mesmo publicar em sites na web, vá em frente e aproveite
todas as possibilidades estéticas e criativas que o 24P oferece. Mas lembre-se de ajustar corretamente a
velocidade do obturador de sua câmera. Novamente lembrando a regra dos 180
graus, não se esqueça de que a velocidade correspondente em segundos, é 1/48s
ou o mais próximo disso que seu equipamento oferecer. E necessitando
velocidades maiores procure se manter em múltiplos dela. Vale lembrar que
alguns modelos de câmeras que oferecem os 24P nativos, ainda tem a
possibilidade de mostrar a velocidade do obturador em graus decimais como as
câmeras de cinema, o que facilita as coisas para os já acostumados com a
captação para película.
E
lembrar que, em se tratando de cinema e televisão, formas de expressão
artísticas, as regras podem ser quebradas e nada é fixo e imutável. Mas o
conhecimento da técnica não é dispensável. Para ousar e transgredir, é preciso
conhecer o que se está modificando. Uma última vez cito o “Hobbit”: mesmo a apresentação em 48P tendo sido alvo de polêmicas,
Peter Jackson, o diretor do filme, não foi criticado por ter feito algo sem
conhecimento. Todos sabem do seu talento e conhecimento. Ele desde o início
sabia o que buscava e sabia dos resultados e do impacto que seu filme causaria
nos espectadores e na crítica especializada. Pode ter sido criticado pela
ousadia, mas jamais foi acusado de falta de conhecimento técnico de cinema.
Para
se aprofundar mais sobre esse e outros assuntos tratados, não deixe de ler os
demais posts, indicados nos links que você encontrou ao longo do texto. E antes de enviar perguntas, veja abaixo as dúvidas mais frequentes já respondidas.
1) Estou produzindo o piloto
de uma série para apresentar à TV. É melhor filmar em 720 ou 1080? É melhor o
30p ou 60i? O que as emissoras de TV aceitam? Detalhe: tudo será feito em
chroma verde. Filmadora AVCHD.
Quanto a definição, vale ressaltar que o HD 1080 é o formato brasileiro
de tv digital, sendo o 720P usado na Europa e outros países. Caso a produção
seja em definição padrão (SD) a captação pode ser feita em qualquer um dos dois
formatos. Isso dependerá mais das possibilidades de seu equipamento. Quanto a
filmar em entrelaçado ou progressivo, eu sugiro o progressivo para evitar o
efeito comb (serrilhado) nas
passagens com maior movimentação de câmera ou de objetos em cena. As emissoras
que estão adotando o disco otico XDCAM, como a Rede Globo, exigem o material em
HD no formato XDCAMHD 50MB/s em 1080 60i ou 30P. No mais, é interessante fazer
testes de captação com o equipamento que vai usar, rodando algumas cenas, que
usará no piloto, nos dois formatos e decidir qual lhe agradou mais. Quanto ao
croma, é mais difícil dar recorte em áreas como cabelo ou em tons muito escuros
em vídeos muito compactados como o AVCHD. O ideal seria captar usando um
gravador externo ligado a saída HDMI ou SDI da filmadora, gravando em um
formato com pouca ou nenhuma compressão.
Unknown18/04/2012 14:25:00
Marcelo Show de bola a sua explicação!!! Valeu!!
Puts não sei o que que tenho que fazer para aparecer meu nome na
mensagem....
2) Então, resumindo: a
câmera que filma em 24p tem uma qualidade pior no vídeo, no entanto, para cenas
com pouco movimento não há tanta diferença. Isso é correto?
Não é questão de qualidade. Qualidade tem a ver com outros aspectos,
como nível de saturação de cores, foco, faixa de contraste dinâmico, separação
de cores e outros parâmetros. O que ocorre no 24P é que sempre vai haver aquele
flicker característico do filme em
película. Em cenas com pouco movimento não se nota muito os pulinhos dos
objetos e nas cenas de maior
movimentação, o próprio blur ou
rastro do movimento , devido a baixa velocidade de obturador, disfarça o
problema. Há uma discussão acontecendo
agora, entre grandes diretores de cinema e as distribuidoras de filmes e redes
de televisão em se abandonar o 24P e usar 48 e 60P. Mas ainda é prematuro dizer
a onde isso vai chegar.
3) Trabalho com eventos
sociais e gravo com uma Sony NX5 em 1920x1080 60i. Depois de ler e pesquisar
bastante, resolvi adotar o 1920x1080 30p. Todos meus trabalhos atualmente são
entregues em Bluray com cópia em DVD.
Edito no Premiere CS5 em sequência
1920x1080 30p e na hora de exportar, o faço em MPEG para Bluray (Premiere CS5). dentro da definição 1920x1080 a opção None (progressive) do Field Order
não existe, e acabo utilizando a opção de exportar de acordo com o original,
isto é correto? Esse vídeo exportado eu autoro com o Encore CS5, gravo o Bluray e depois, nesse mesmo projeto,
gravo as cópias de DVD fazendo com que o Encore
faça a conversão para o formato SD. Fazendo assim, eu estou mantendo o
progressivo nesse vídeo SD?
Não existe a opção de progressivo porque o codec mpeg bluray não
prevê 1920 x 1080 30 frames progressivos, somente entrelaçado. eu inclusive já
expliquei isso aqui no blog em um post dedicado a fluxo de trabalho em HD. Você
não precisa exportar o vídeo primeiro para depois autorar no Encore. Fazendo
isso, você gera uma compressão a mais,
perdendo qualidade. Depois de terminar a edição no Premiere, simplesmente exporte a timeline através do Adobe
Dynamic Link direto para o Encore.
Nem precisa fazer render. No Encore você
vai autorar os dois projetos em HD e SD e ele vai fazer um render no final.
Assim seu vídeo pode ir no formato progressivo diretamente para o Bluray sem
precisar de um render e uma compactação intermediária, ganhando tempo e evitando
a perda de qualidade.
4) Quando gravo na Sony NEX
NX5N em 1080P 30 é necessário alterar a configuração no Adobe CS5 conforme você
informa em outro post?
Sim, pois o Premiere CS5 tem um bug não corrigido, que interpreta o vídeo
progressivo de certas filmadoras como
Interlaced
Uupper field First. Tem que fazer a conformidade para progressivo antes
de começar a editar, para evitar o desentrelaçamento desnecessário e a perda de
qualidade.
4) Eu gravei uma filmagem
em uma Panasonic AG-HMC80, as cenas apresentaram flicker no formato DV 480/30p, isso é normal? É possível isto? Me
falaram para gravar em DV 480/60i que não dá flicker, pois nossa tv normal não lê progressivo. É verdade? Tem
como recuperar estas cenas com flicker?
Depende de que tipo de televisão estamos falando. Os aparelhos antigos,
de tubo de imagem (CRT) só reproduziam vídeo entrelaçado. Os atuais monitores
de LCD ou LED só reproduzem progressivo. Um vídeo entrelaçado pode ser exibido
neles, porque esses monitores tem um conversor interno que transformam o conteúdo
entrelaçado em progressivo. A não ser que você fosse produzir um vídeo para ser
exclusivamente exibido em monitores
CRT (tubo de imagem), coisa impossível hoje em dia, valeria a pena usar o 480i
60. E o efeito de flicker nesse caso
tem mais a ver com a velocidade do obturador que foi usada. Velocidades lentas
demais (inferiores a 1/30) em um vídeo a 30 fps vão apresentar o efeito
estroboscópico.
5) MInha câmera filma em
1080i e alguns especialistas dizem que 1280 x 720 P é melhor que 1080i. Se eu
gravar numa filmadora em 1280 x 720 e renderizar pelo Adobe Encore , o que vai acontecer quando o vídeo for assistido em uma
TV FULL HD?
Essa questão do 720P ou 1080i é bem complexa. Se seu objetivo é
exportar para DVD, ou seja, formato SD (720 x 480) então é vantagem filmar em
1280 x 720P em progressivo. Agora, se for exportar para BluRay, definição 1920 x 1080 30P ou 60i, é melhor filmar em 1920 x
1080, mesmo que seja entrelaçado, e fazer o desentrelaçamento no Encore, pois
se você fizer um upscale de 720P para
1080P ou 1080i vai ter uma pequena degradação da imagem. E mesmo exportando nos
1280 x 720P nativos em BluRay, uma TV
HD 1920 x 1080 pode aumentar a imagem para caber na tela de 1920 x 1080 havendo
ligeira perda de qualidade. Se vai
filmar em 1920 x 1080i a 30 quadros não tem porque baixar para 1280 x 720 e
ainda baixar a taxa de quadros de 60i para 24P. Essa conversão, feita pelo Premiere ou pelo Encore, vai tirar resolução do seu vídeo. Primeiro por tirar seis
frames de cada segundo (no caso de 24P). E depoi,s para passar de 60i para 30P
ou 24P o programa vai eliminar um dos campos entrelaçados do frame original
(upper ou lower) e vai completar a imagem digitalmente por interpolação, o que
também vai causar perda de qualidade.
6) Minha filmadora é 1920
x 1080i e tenho muitos clientes que possuem televisores HD 1280 X 720 ou 1366 X
768. Gravando em 1080i o que acontece quando eles forem assistir em 1280 x 720?
E quanto a renderizar para colocar no DVD e em PEN DRIVER dos clientes?
Faço em 1920 x 1080i ou 1920 x 1080p?
A regra básica é: Filmou em HD 1920 x 1080 deixa assim a não ser que
vá exportar para DVD em 720 x 480. E não existe esse negócio de Full HD e Half HD. A partir de 1280 x
720 (720P) é tudo tecnicamente alta definição. A diferença
é que em alguns países (Europa e outros) se usa 720P e no Brasil,
Japão, EUA e outros se usa 1080i ou P. Se a televisão do cliente é 720P ou
menos, o 1080P ou i vai ficar com a mesma qualidade, ou um pouco melhor, do que
ficaria um vídeo 720P, pois foi captado com mais detalhes. Agora captar com
1080 e baixar, seja para 720P ou 480i é sempre problemático, pois existe perda
na qualidade. Quanto a renderizar, se vc captou em 1080i deixa assim, pois
passar de entrelaçado para progressivo traz perdas na qualidade. No caso do DVD,
se filmou em 1080i deixa em 480i. Se filmou em 1080P deixa em 480P. Todo mundo
pensa que programas como o Encore só geram DVD em 480i, mas isso porque não
sabem que se pode reconfigurar o padrão default nas propriedades de exportação
e transcodificação.
7) Em que formato você
aconselha a filmar um casamento? 60, 30 ou 24P?
Se for filmar apenas com uma câmera, então é melhor filmar em 60P para
ter a possibilidade de criar cenas em slowmotion
moderado, se editar em uma timeline
de 30P. Mas lembre-se de deixar a velocidade de diafragma no modo manual e
procure ficar em 1/60s, evitando velocidades de diafragma mais altas. Se filmar
durante o dia e necessitar corrigir a luz, feche o diafragma mas não deixe a
câmera no automático, pois ela pode tentar corrigir a luz aumentando a
velocidade ao invés da abertura. Como você já está filmando a 60P, ou seja,
cada frame com duração de 1/60 segundos, se a velocidade de diafragma subir
para 1/120, vai acabar tento uma imagem muito dura sem nada de motionblur, o que não fica muito bem em um
vídeo romântico de casamento.
8) Tenho uma Canon T4i e
os formatos de gravação aparecem 1920X1080/30, 1920X1080/24 e 1280X720/60, mas
não informa se são "P" ou "i". Você saberia me dizer se são
progressivos ou entrelaçados?
Todas as DSLR são progressivas. AT4i é progressiva.
9) Trabalho com a Sony
NX70 em eventos sociais. Gostei muito de gravar em 30p nela. Imagens muito
bonitas. Estou interessado em uma XR260V que grava em 60P e 60i. Vai dar muita
diferença nas imagens se eu usá-las juntas em um evento ou melhor gravar em 60p
nas duas?
Não dá muita diferença desde que as duas estejam com as mesmas
configurações. Você pode usar o 60P nas duas e depois inclusive fazer um slow motion onde julgar necessário. O
importante é deixar as duas com a imagem mais parecida possível, entrando nos
menus e setando cor, detalhe, gama e outras configurações que as duas possuírem
em comum iguais. Depois na edição é só dar uma corrigida leve se precisar.
10) Estou produzindo um
vídeo e tenho 2 câmeras: uma Panasonic que grava em 30P e uma Sony Alpha 57 que
me dá 3 opções: gravar em 24P, 60i ou 60P (tudo em 1080). Se eu gravar na Sony em
60P e renderizar depois para 30P vai ter alguma distorção? Ou é melhor gravar
em 60i sabendo que eu vou renderizar em 30p?
Pode usar sem problemas o 60P na Sony e o 30P na Panasonic. Não
misture entrelaçado com progressivo. Não existe perda passar de 60P para 30P.
11) Minha câmera é uma Sony
HVR Z7, que tem a opção de gravar em 30P ou 24P. Sempre filmei em 60i, porque
não entendo a diferença de i e P. Então acabo usando o mais comum, que é 60i.
Em eventos sociais, qual a melhor opção 30P, 24P ou fico no 60i mesmo?
O i é abreviação de entrelaçado. Quando a TV foi inventada, para
simplificar o circuito e facilitar a transmissão até os televisores, os
projetistas resolveram dividir um frame (quadro) em duas partes, chamadas
campos. Então para o formato NTSC, que gera as imagens a 30 quadros por
segundo, vc tem 2 campos por quadro e assim 60 campos entrelaçados (interlaced em inglês). Daí a abreviação
i. Nos monitores de vídeo atuais de LCD ou
LED, a imagem é toda exibida de uma vez, sem campos. Os pixel vão
aparecendo na tela, em cada quadro, de cima para baixo e da esquerda para a
direita. Daí o nome progressivo.
O frame de um vídeo progressivo não tem os dois campos do
entrelaçado. É como se fosse uma película de cinema. Cada fotograma completo é
passado em sequencia a 30 quadros por segundo em NTSC e 25 quadros em PAL. No
cinema são apenas 24 quadros por segundo. Para facilitar a passagem do vídeo
para a película, quando se começou a usar câmeras de vídeo para produzir para
cinema, acrescentaram nos equipamentos a cadência de 24 quadros por segundo.
Filmar em 24 fps cria uma imagem mais parecida com o cinema, com
aquele flicker característico e um
pouco de blur nas cenas com mais
movimento. Não vejo muito sentido em filmar em 24 quadros para depois ter que
passar para 30 para gerar um DVD, por exemplo. Em cada segundo de vídeo, tem
que ser acrescentados 6 quadros e isso gera alguns problemas.
Não faz sentido também filmar em 60i pois quase não existem mais
televisores de tubo de imagem, que são os mais apropriados para se assistir
vídeos entrelaçados. Os atuais monitores de TV e de computador, não exibem
vídeo entrelaçado e um circuito interno tem que transformar o padrão
entrelaçado em progressivo. Então a opção mais lógica e correta é filmar em
30P.
12) O formato em HD da Sony
HVR Z7 é 1440 x 1080. Então qual seria o melhor preset na hora de criar um projeto no Premiere CS6 para no final autorar um BluRay?
É sempre preferível usar o preset
correspondente a imagem captada original (se houverem diversos formatos, o que
corresponda a maior quantidade de material). Nesse caso para HDV seria o preset HDV 1080 P 30 ou HDV 1080 i 60 se
foi entrelaçado.
13) Estou filmando com
NIKON D7000 e não estou gostando da imagem filmada em 1920x1080 24P. Quando
tenho que filmar movimentos ficam aqueles FLICKS que não são legais. Gostaria
de saber se passo a filmar em 720P 30P, já que vejo uma diferença na questão de
movimento ou há uma forma melhor na pós produção do Premiere (algum tipo de conversão). Entrego o meu material, aos
clientes em BluRay e DVD.
Filmar em 720P não vai ajudar muito, já que a imagem ficará menor e
com menos resolução mesmo em BluRay. Em televisores de tela grande, se o
aparelho tentar converter a imagem para 1080 vai ficar muito ruim. O problema
do flicker em 24P com certeza não é
por conta da cadência de quadros, mas sim por conta da velocidade do obturador.
Quando filma em 24P deve-se usar o mínimo de 1/48s para manter a relação de
180º original da película, para se obter uma imagem mais orgânica, com um pouco
mais de blur e sem pulos. O problema também
pode estar ocorrendo na hora da transcodificação de 24 para 30P ou 60i
dependendo como você esteja autorando o DVD ou Bluray. Como a D7000 não filma
em 1080P30, experimenta usar 720P30 para ver se o flicker some. Se sumir é por conta mesmo do aumento da taxa de
quadros de 24 para 30. Pode ainda tentar autorar um vídeo em h.264 em 1080P24
ou mpeg 1080 P 24, que são os formatos compatíveis com Bluray, para ver se na
mesma cadencia de quadros o problema desaparece.
14) Estou gravando com
câmeras Samsung (Q20) em 1080i60, mas também uso uma Sony HVR-Z1N, onde capturo
o som, que é apenas HDV 1440x1080i. Qual o preset
a ser usado no Premiere CS6 para
combinar os dois formatos, sem perda da qualidade e sem perder área de
filmagem? É porque imagino que ao usar um projeto 1920x1080, o vídeo da Sony Z1
teria que ser "aumentado" de tamanho para empatar com os da Samsung. E
se usar 1440x1080 eu poderia ter a imagem da Samsung "cortada" por
ela ser maior. Tem fundamento minha pergunta?
Use o formato AVCHD 1080P 30 pois ao colocar o vídeo da Sony Z1
nessa timeline, você vai notar que
ele preenche todo o quadro, pois o vídeo 1440 x 1080 usa um formato de pixel
diferente. E por ser mais largo que o AVCHD (square pixel) ele acaba ficando do tamanho correto. Não precisa
aumentar nada.
Grande
abraço a todos!
Marcelo
Ruiz
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