Imagine se você comprasse uma câmera Sony
top de linha e ao final de um prazo, o fabricante ligasse para você oferecendo
a troca pelo modelo recém lançado, onde você enviaria sua câmera usada, que seria
comprada por, digamos, 85% do valor que você pagou na loja? E a nova seria
enviada diretamente ao seu endereço por um custo inferior ao valor desse mesmo
equipamento se adquirido nos revendedores? Sonho? Por enquanto sim. Mas saiba
que muitas empresas estão começando a apostar nesse modelo de negócio. E isso é
nada mais, nada menos, que o conceito ecológico da sustentabilidade aplicada ao
mundo empresarial.
Em nossa área, a americana RED, fabricante das câmeras REDONE e SCARLET, já
adotou essa prática como modelo de relacionamento com seus clientes. A primeira câmera deles, a REDONE, casou uma
revolução no mundo do cinema não apenas por ser a primeira câmera digital a
substituir com perfeição as velhas filmadoras de película 35mm. O conceito,
lançado com ela, ia além do modelo de negócios onde o fabricante está
interessado apenas em lançar novos produtos, levando aos clientes fiéis a
marca, terem que trocar de equipamento
com frequência. Algo muito comum em nosso ramo nos dias de hoje.
A proposta da RED foi fornecer um
equipamento o mais modular possível, onde diversas partes de hardware e
software pudessem ser trocadas, atualizadas ou compartilhadas com outros
modelos da marca. E foi um sucesso. Na época, eles até criaram um slogan: “É a
obsolescência se tornando obsoleta”. Ou seja, ao invés de focar tempo, dinheiro
e energia em trocas de equipamentos, os clientes RED poderiam manter o foco na
área principal de sua atividade: a produção de filmes.
Não sei se todos os meus leitores sabem,
mas eu também venho me inspirando nesse conceito. As Workstations
que monto, configuro e vendo são baseadas nesse princípio. Não são simples
componentes de hardware e software que rapidamente perderão valor de mercado e
ficarão ultrapassadas com pouco tempo de uso. Afinal, em um mercado caro como o
nosso, investir milhares de reais em um equipamento, é uma decisão que deve
levar em conta o tempo que esse equipamento vai levar para se pagar, o lucro
que vai gerar e a durabilidade que vai ter.
Uma workstation minha não é barata, embora
comparando com o preço de outros equipamentos similares, tenha um custo bem
menor. Mas sua principal característica é ser, digamos, um produto artesanal.
No melhor sentido do termo. Por não serem fabricadas em série e usarem sempre
os melhores e mais atuais hardwares disponíveis no mercado, são, além de muito
rápidas, extremamente confiáveis. Afinal uma workstations dessas não é enviada
ao cliente sem antes ter ficado vários dias funcionando sem parar, enquanto eu
vou afinando os componentes, os softwares e o sistema operacional. E eliminando
também eventuais bugs apresentados.
Ao final de semanas de testes, eu posso
garantir ao meu cliente que o equipamento poderá funcionar em regimes de 24
x 7 sem apresentarem defeitos e
fornecendo o máximo da potencia operacional disponível pelo conjunto. Além
disso, ao final do primeiro ano, meu cliente poderá optar pela troca por um
modelo mais novo, pagando apenas uma ínfima parcela do custo de tabela da nova
estação de trabalho.
Isso além de representar economia
financeira, garante que meu cliente terá a seu dispor sempre o modelo mais
atualizado e de melhor desempenho que ofereço. E assim pode voltar seu foco
para sua atividade principal: a produção de conteúdo. Vejo aqui no blog o tempo
que meus leitores gastam com configuração de equipamentos e os dissabores que
têm por muitas vezes comprarem ilhas de edição que são “empurradas” por vendedores
no mínimo mal informados e muitas vezes desonestos.
O sucesso das câmeras DSLR que também
filmam, que foi uma revolução inaugurada com a mítica Canon 5DMKII, pode ser
atribuído não apenas ao excelente desempenho delas em filmagens, mas também por
um fator que os fotógrafos profissionais já conheciam e apreciavam: a
intercambiabilidade de componentes auxiliares. Equipamentos caros como lentes,
filtros, flashes, para-sóis e outros não perderam valor por décadas. Uma lente
boa é muito cara, mas pode ser usada por décadas sem apresentar defeitos ou se
tornarem obsoletas. Então, no caso das DSLR, é necessário trocar apenas o corpo
da câmera, que é infinitamente mais barato que os demais acessórios.
Infelizmente na área de filmadoras
profissionais, embora a maioria dos modelos top de linha usem o conceito de
acessórios intercambiáveis, a tecnologia empregada, os padrões de vídeo e o
custo dos corpos sem acessórios ainda estejam muito altos e sujeitos a mudanças
com pouco tempo de lançamento. Basta comparar com a Canon 5DMKII que lançada em
2008, só foi atualizada no final de 2012 e mesmo assim, ainda continua a servir
perfeitamente para a maioria das atividades que sua sucessora, a 5DMKIII está
apta a realizar.
Quem sabe os fabricantes de câmeras profissionais
um dia cheguem a esse patamar. É esperar para ver.
Grande abraço a todos!
Marcelo Ruiz
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por sua participação! Asim que eu puder, vou responder! Volte sempre!
Marcelo Ruiz
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.