24/05/2023

Inteligência Artificial: tecnologia para o bem estar ou mais uma fonte de preocupação global?

 

Embora tenha se tornado o centro das atenções e venha sendo utilizada com entusiasmo, não apenas pelos aficionados por tecnologia, mas pelo público em geral, a IA (Inteligência Artificial) parece estar causando preocupações, mesmo entre os desenvolvedores das diversas plataformas em desenvolvimento, Quando os próprios fundadores da OpenAI (ChatGPT) vem a público para sugerir que haja uma coordenação global envolvendo acordos com os desenvolvedores ou mesmo a criação de um comitê entre governos para regulamentar e auditar essas atividades, isso deve ser levado à serio. Trata-se apenas de preocupação eticamente justificável ou essas empresas já lidam com riscos e situações inesperadas?

Embora seja uma promessa de tecnologia capaz de ajudar empresas e pessoas em um futuro mais promissor, a nova tecnologia não é isenta de riscos para a humanidade. Não é a primeira vez em que os próprios desenvolvedores e mesmo os CEO das empresas envolvidas no desenvolvimento externam publicamente preocupações com o futuro e os rumos inesperados que o poder cada vez maior dessa "inteligência" não humana pode tomar. 

No que diz respeito às tecnologias de imagens e multimídia, tema predominante desse blog, as recentes demonstrações de poder de criação de imagens., vídeos e sons - cada vez mais aprimoradas - já é motivo de debates e preocupações entre os profissionais da área. Muitos temem que nos próximos anos haja uma grande diminuição de postos de trabalho e mesmo extinção de profissões ligadas ao audiovisual.

Há o temor de que em um futuro próximo empresas que contratam serviços e profissionais de fotografia e vídeo, passem a realizar a publicidade de seus produtos preferencialmente por mídias criadas inteiramente por Inteligência Artificial. um dos atrativos principais é a redução de custos e a rapidez de entrega. Como acontece em qualquer tecnologia computacional que se utiliza de algoritmos e com amplo acesso a informações e dados disponíveis na web, a velocidade de aprendizagem e aprimoramento da qualidade é muito rápida.

Se nota isso na qualidade cada vez maior das imagens e mesmo vídeos gerados por IA. Embora ainda não consigam enganar o olhar mais especializado dos profissionais de nossa área, a similaridade assusta. Daqui para a frente teremos que lidar com mais fakenews e será mais difícil diferenciar o que é real do que foi fabricado com intenções de enganar os consumidores de notícias.

Para o jornalismo isso é particularmente desafiador. Os veículos de imprensa comprometidos com a informação verdadeira e isenta sempre mantiveram códigos de conduta rígidos a serem seguidos por jornalistas, repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Fontes de terceiros, como imagns ou conteúdo multimídia recebidos de pessoas comuns, governos ou organizações sempre passaram pelo crivo da checagem e rechecagem de fontes e veracidade. 

Mas como lidar com imagens e outros conteúdos cada vez mais perfeitos criados ou manipulados por IA? E, principalmente, como alguns veículos de imprensa seduzidos pela agilidade e redução de custos, não sucumbirão à tentação de produzir conteúdo gráfico (fotos, vídeos, sons, etc) através de inteligência artificial para ilustrar suas matérias?

A maior preocupação de um jornalista e de um meio de comunicação é não perder a credibilidade de seu público. Mas isso ainda será relevante em um futuro próximo? Podemos questionar isso nos baseando, no presente, no comportamento do telespectador atual. telespectador que cada vez mais sai do papel passivo de receptor da mensagem para ser, ele mesmo um produtor de conteúdo. Vemos esse fenômeno de maneira mais evidente nas mídias sociais.

Muito tem se falado da vida cor-de-rosa, ao estilo Second Life, que todos querem mostrar em suas interações nos sites de relacionamento. Uma grande parte das publicações sejam fotos ou vídeos são modificadas através de filtros e montagens facilmente executadas mesmo em telefones celulares. E se esse, ao mesmo tempo telespectador e produtor de conteúdo, não se importa com a veracidade do que publica, muitas vezes produzindo intencionalmente fakenews para defender pontos de vista e posições cada vez mais polarizados, se importará ele com a veracidade dos conteúdos que consome nos canais de notícias? 

Se o compromisso com a verdade e a ética deixa de existir, seja entre meios de comunicação  ou seus expectadores, aí sim teremos que levar a ´serio as preocupações atuais dos desenvolvedores de IA. Pois a falta desse filtro, desse escrutínio deixa aberta uma porta perigosa para que essas inteligências aprendam rapidamente a dominar nosso senso de realidade.


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Marcelo Ruiz

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