02/05/2017

A imagem do som!

Créditos da imagem: Aurich Lauson/Ars Technica


Dediquei os últimos posts aqui do blog a u assunto novo: o uso de lentes usadas retiradas de câmeras ENG - geralmente das velhas betacam SD que foram descartadas pelas redes de televisão com a chegada da alta definição - e que passaram a ser vendidas quase a preço de sucata. Lentes maravilhosas, parfocais, com grande extensão focal e muito claras. E com uma grande vantagem em relação as lentes de distância focal variável de câmeras fotográficas: o servo motor para controlar o zoom. Com a popularização do uso das câmeras DSLR como filmadoras, mais produções em diversas categorias são feitas com elas. Do cinema ao documentário, vídeos institucionais e sociais e cinema de guerrilha e curtas metragem. Para atender essa demanda crescente tradicionais fabricantes de filmadoras estão lançando câmeras DSLR com capacidades cada vez melhores para vídeo. Mas não sem criarem novos problemas. E um deles permanece sendo a captação de áudio. Se o objetivo é cinema de baixo custo (ou alto, pois grandes produções tb fazem uso de DSLR’s com bom êxito), vídeos institucionais ou comerciais para TV, a forma de captação de áudio já está bem consolidada e as soluções não mudaram em relação ao uso da película ou de câmeras de vídeo para cinema. O áudio é sempre captado de forma separada, com equipe dedicada de operadores de microfones e gravadores de campo e técnicos de áudio. Depois tudo é mixado na montagem. Mas isso demanda equipe maior, tempo e retrabalho. e custos.

Tenho visto muitos colegas que se dedicam aos vídeos corporativos ou documentários usando esse recurso, embora tecnicamente não fosse tão necessário. Tratando-se de captação para jornalismo, especialmente jornalismo diário, com prazos e tempo sempre escassos é literalmente impossível chegar à emissora (seja a tradicional ou um canal de notícias na web) e entregar ao editor dois cartões de memória. Um com o vídeo e outro com o áudio de um gravador externo. Não haverá tempo para capturar, sincronizar e tratar os dois arquivos separados. E mesmo se houvesse, seria um desperdício de tempo e mão-de-obra desnecessários, comprometendo o custo e a agilidade requerida no jornalismo. E na hora da captação de imagens (e seu áudio) esse método ja impõe um trabalho extra ao câmera e é passível de erros.
Setup simples e prático para usar DSLR como câmera de jornalismo: Notar o adaptador de áudio sobre o suporte de ombro perto da bateria. Arte: Marcelo Ruiz/Blog Olhartecnológico.

O problema decorre da baixa qualidade dos pré-amplificadores de áudio das câmeras DSLR e não do formato de gravação. Não há nada que se possa fazer para corrigir isso dentro do equipamento.  A solução seria insistir com os serviços de atendimento e satisfação do cliente a melhora da placa de áudio das câmeras. Por outro lado,  podemos melhorar as condições de captação antes do áudio chegar até elas. E se para certos trabalhos não é viável usar gravadores externos de audio e pós mixagem,  a melhora a que me refiro deve ser na qualidade dos microfones usados, na escolha do modelo correto para cada situação e seu posicionamento e finalmente onde serão ligados, antes que o áudio captado passe para a câmera.

Daqui em diante vou dividir o assunto por tópicos. Fica mais didático. As dicas não são resultado apenas da minha experiência. São constatações, quase unânimes, observadas por cinegrafistas e técnicos de som em vários níveis de produção, usando modelos diversos de DSLR’s. E nada do que se segue é específico para uma marca ou modelo. Embora algumas sugestões não possam ser aplicada em determinados modelos de câmera. Mas se for esse o caso, provavelmente está na hora de atualizar esse equipamento.

1 – O áudio é a imagem do som!
Sala de cinema em New Orleans circa 1932 com orquestra para acompanhar o filme mudo. Fonte:http://whatssospecialaboutneworleans.blogspot.com.br/2010/07/prytania-theater-owner-remembers-old.html



Nunca existiu cinema mudo! Havia sempre um pianista, uma orquestra e efeitos sonoros em salas com mais recursos. O áudio é metade do filme. Então dedique a ele metade do tempo de pensar na produção. Escolher locação, lentes, ângulos de tomadas, iluminação é só metade da arte. Dedique igual tempo e cuidado ã captação do áudio. Faça planejamento e esteja preparado e equipado. O áudio é a imagem que é “vista” pelos ouvidos. Pode inclusive salvar uma imagem deficiente.

2  - Use bons equipamentos
O básico: os cabos que vão interligar os componentes. O cabo da foto, com 35 cm de comprimento, para não ficar sobrando enrolado, custa em torno de R$ 200,00. Existem modelos semelhantes de marcas duvidosas que custam R$ 10,00 mas acredite, nesse caso o mais caro fará muita diferença, além de durar muito mais tempo. 

Normalmente nos preocupamos em ter a melhor câmera, a melhor lente e bons equipamentos de iluminação. O áudio acaba ficando em segundo plano e muitas vezes pensado na base do improviso. Não adianta achar que um microfone barato (há exceções) vai resolver o assunto. Não vai. Vai criar mais problemas. E também não adianta um bom microfone se ele estiver ligado a um equipamento de gravação ou captação ruim. O ruído que um microfone bom não gerou vi ser introduzido no material gravado pelo que estiver entre ele e o registro final. Esteja ele na câmera ou em um gravador de áudio separado. E nesse percurso temos os cabos, os suportes de microfone e os operadores.

Nesse artigo, o foco está em registrar o áudio captado diretamente na câmera. Então vou me abster de falar nos gravadores. Mas fica um adendo: se você já tem um bom gravador de áudio use-o! Um back-up é sempre importante. E se você já fez o investimento em algo bom, ele provavelmente servirá para interligar seus microfones à câmera. Só não deixe que ele lhe cause problemas ou tome seu tempo. Gravadores consomem mais bateria, preocupação com cartões de memória e precisam ser ligados, se não tiverem um remoto, junto com a câmera, o que tira o foco do cinegrafista. Lembrando que estou falando de produções com equipe limitada.

3 -  Como (NÃO) ligar um microfone a uma DSLR:
Adaptadores feitos apenas de cabos e plugs diferentes tentando "casar" os microfones não funcionam. São sistemas passivos que tendem a introduzir ruídos pela diferença de potencial e resistência interna dos equipamentos

Eu não vou cair em tentação (embora seja grande, pois gosto do assunto!) de me alongar no assunto nesse capítulo desse post. Vi ficar para o próximo com certeza! Mas caberia nesse ponto, antes de entrar propriamente no tema, uma breve estória da relação do áudio com equipamentos digitais. Talvez seja pelo fato de nós humanos termos uma relação muito mais forte com o sentido da visão que a grande maioria das espécies do reino animal. Mas o fato é que o áudio tem sido relegado a segundo plano em computadores, celulares, filmadoras não profissionais e outros aparelhos surgidos na era digital.

E isso não se deu de forma diferente nas DSLR.’s! A começar do conector para microfone (escolheram o plug mais fraco fisicamente e mais pobre em recursos) passando pelo circuito eletrônico de gerenciamento. Então não devemos piorar as coisas. Isso quer dizer: esqueça as gambiarras! Cabos adaptadores, conectores adaptadores, duplicadores de entrada, adaptadores passivos, microfones externos com pilhas e “circuitos mágicos” e outras gambiarras. Nada disso funcionará direito, mesmo que pareça e vai trazer mais problemas e decepções do que soluções. Não adianta investir em um microfone shotgun de dez mil reais e tentar liga-lo à câmera com um cabo adaptador de dez reais. Vai ser só tempo e dinheiro jogados fora. Dito isso, continuemos.

4 – A função do adaptador de áudio:
Um clássico da captação para cinema e grandes produções para TV: Mixer de campo Shure FP33. Fonte: http://www.shure.com/americas/products/mixers-dsp/fp33-3-channel-stereo-mixer

Os adaptadores de áudio andam meio escondidos no mercado. Os fabricantes, talvez por influência de consumidores que apostaram mais na solução de gravadores, tem lançado poucos modelos dedicados exclusivamente a captar, tratar e enviar o áudio para as câmeras. Faço essa constatação pelo número de bons adaptadores que deixaram de serem fabricados. Eram mais comuns no início do uso das DSLR’s como filmadoras. Depois foram sendo substituídos por marcas e modelos dedicados a gravação.

E para falar a verdade, nenhum gravador tem mais recursos que um bom mixer de áudio. O exemplo mais comum são os mixers de campo da Shure que continuam sendo um padrão de qualidade. Em produções com recursos e grande equipe os operadores de áudio os operam e o técnico de som fica na retaguarda operando o sistema de gravação. Falando em equipamentos de custo moderado a baixo, a limitação dos gravadores está no número de canais disponíveis – geralmente dois, se tanto – e nos recursos de regulagem e filtragem do sinal enviado pelos microfones.

Nessa etapa já vemos um ganho de qualidade pendendo para o lado dos mixers (ou adaptadores), que contam com mais canais, alimentação Phantom Power de qualidade e pré-amplificadores de qualidade e com baixíssima relação sinal-ruído. Como falei anteriormente: não adianta ligar um microfone de milhares de reais em um adaptador de má qualidade. Um bom adaptador deve ter minimamente alimentação sem ruídos para microfones condensadores (Phantom Power com 48V), controle preciso de ganho, monitores de sinal (VU’s de ponteiro ou LED’s), atenuação de sinal para graves e agudos e monitoração precisa para alimentar bons fones de ouvido.
Uma bela montagem usando o adaptador Beachtek Beachtek DXA-SLR Ultra com um mic direcional e um mic de lapela sem fio Sennheiser. Fonte: http://beachtek.com/dxa-slr-ultra/

Para nosso foco nesse artigo – captação para documentários e vídeo jornalismo – um mixer de dois canais é suficiente. Geralmente usaremos um canal para o microfone direcional montado na câmera (ou rig onde estão a câmera e o próprio adaptador de áudio) e o outro canal para o jornalista-entrevistador ou o próprio entrevistado. Nesse caso, esse segundo mic pode variar de um bom microfone de mão, que seja de preferencia unidirecional, podendo ser dinâmico ou condensador, pode ser ainda um microfone de lapela colocado no entrevistado (em casos onde o entrevistador faz as perguntas em of) ou dois mics de lapela para entrevistador e entrevistado.

Nesse segundo caso, o canal onde está ligado o microfone da câmera deve ser usado, dispensando-se o áudio ambiente normalmente captado por ele como função básica. Jamais devem ser usadas gambiarras para ligar mais de um mic por canal! Explicarei mais abaixo. Quando a situação exigir que mais de duas pessoas esteja em quadro, se houve planejamento, será o caso de usar um assistente ou operador de áudio para captar as diversas falas com um microfone direcional em uma vara de boom. Ou até duas se houver pessoal disponível.

5 – Use o microfone e seu ajuste certo e ajude sua DSLR a gravar um bom áudio!

Conforme expliquei ali atrás, o problema das DSLR é a baixa qualidade dos pre-amps internos que induzem mais ruído do que sinal em certas situações. Vou falar disso mais abaixo. Então quanto menos ruído o microfone gerar melhor. A ruído eu me refiro aqui ao hiss ou hum gerados pelo próprio microfone e seu cabo. Mas também é muito importante cancelar ao máximo o ruído externo estranho ao foco da captação. Seja a voz humana, um som da natureza ou um áudio geral de um evento.

Nesses casos, o tipo de microfone utilizado – para além de sua qualidade – vai fazer a diferença. E aqui volto ao título estranho desse post: a imagem do som. Ou melhor (ou confundindo mais...), a estética do microfone. Aí vem a pergunta: microfone deve aparecer na imagem? Adianto que o que falarei a seguir é bem pessoal e depende do gosto de cada cinegrafista, diretor de fotografia ou diretor da produção. Então vamos lá. Há situações onde eu acho extremamente necessário que o microfone vaze no quadro. Então proponho uma classificação diferente de seu uso baseado nessa estética pessoal e na geração de sons indesejados na captação. Não estou falando de ruído do equipamento agora.

6 - Microfones com fio ou sem fio

Se o microfone muitas vezes deve aparecer em quadro – e mais abaixo dou exemplos – seu cabo deve aparecer o mínimo possível. Nesse aspecto s microfones sem fio são elegantes. O cuidado aqui é usar um modelo decente. Nada de microfone sem fio xingling que produz mais ruído do que capta e há casos de alguns modelos e marcas que captam até o sinal de rádios nas redondezas e interferências causadas por equipamentos elétricos. Mesmo os bons microfones às vezes são pegos nessas armadilhas. É preciso cuidado ao utilizar mics sem fios em locais como escritórios, onde com certeza existem diversos celulares e lâmpadas fluorescente que emitem ruídos na forma de frequências de ondas eletromagnéticas. Nesses casos microfones com fio, dinâmicos (de mão) ou de lapela são mais seguros.

Microfones lapela com fio ou sem fio foram feitos para serem discretos. E não deveriam aparecer no entrevistado e muito menos em quadro. Já vi casos de repórteres que, provavelmente por esquecimento da produção, tiveram que entrevistar com microfones lapela! E fica muito feio! Parece que o entrevistador está segurando uma mosca o no dedo. E ainda tem o fio. Mesmo quando se usa microfones de mão, o cinegrafista deve, assim que possível fechar o quadro para enquadrar no máximo a mão do entrevistador, se tanto. Fio não aparece nunca!

Aliás esse é o primeiro caso da questão estética que falei antes. O microfone de mão é a arma do repórter. Ele está ali para marcar um ato. Muitas vezes intimidar mesmo o entrevistado. Pressionar. Arrancar um depoimento. Por isso mesmo em algumas situações onde se quer um entrevistado mais à vontade, deve-se optar por dois lapelas. Caso de um take de conversa quase informal entre entrevistador e entrevistado. Mas nesses casos, segundo minhas preferências, nem a cabeça do mic deve aparecer – já vi casos de externas com vento onde colocaram um lapela no entrevistado com uma espuma corta-vento cor-de-rosa! O cara lá de terno preto, célere e aquele pompom balançando ao vento. E olhe que foi numa matéria em uma rede de televisão alemã, que tanto preza pela qualidade e bom gosto do visual.
Exemplo de microfone duplo parcialmente escondido. Notar que para a platéia fica quase impossível de ser visto. E mesmo no vídeo fica bem discreto. Fonte: Soprano Kristin Chenoweth - Glitter and Be Gay de Leonard Bernstein. Link: https://youtu.be/aVsLMxam21I

Até mesmo para evitar os ruídos causados pelo vento e esfregar de roupas, o mic de lapela deve ser bem preso por dentro da roupa, próximo a região central acima da linha dos mamilos quando possível  (bem fácil em homens ou mulheres com ternos ou camisas abotoadas). Fita crepe e criatividade fazem milagres nessas horas. E acredite... vc pode colocar um lapela disfarçado fazendo até uma entrevista em uma praia de nudismo, com o entrevistado vestido como veio ao mundo, sem o mic aparecer. (mic escondido nos cabelos na testa passando pela nuca e parte de trás do pescoço, fixando a unidade transmissora com fita crepe nas costas. Sim...vc já percebeu que não gosto de ver o Bonner com aquele lapela preso na gravata...mas é uma questão de estética pessoal.
A consagrada soprano Diana Damrau no papel da Rainha da Noite na opera "A Flauta Mágica" de Mozart. Nem é preciso colocar seta para indicar onde o mic está escondido. Ouça o áudio que está no link no próximo parágrafo. Ele fala por sí e pelo microfone. Fonte: https://youtu.be/aVsLMxam21I

Os microfones de lapela são a melhor opção quando se tem vários entrevistados em ambientes com muito ruído externo. Bem regulados e bem posicionados captam a voz através da reverberação da caixa torácica ou caixa craniana em cantores líricos com excelente qualidade e naturalidade. Ver esse vídeo e esse outro! Com isso o ganho pode ser reduzido de forma a cortar os ruídos ambientes ou as falas vazadas entre outros entrevistados fora de quadro. Em segundo lugar vem os microfones direcionais em varas de boom ou pedestais fora de quadro. Mas esses pela distância necessária para não entrarem em quadro, mesmo os de melhor qualidade, certamente vão vazar áudio ambiente de outras fontes.

Em ultimo lugar estão os microfones dinâmicos de mão. Notadamente os cardioides com padrão de captação amplo e muitas vezes com ganho elevado na região traseira, que captarão ruídos de todos os lados. E para evitar isso seria necessário baixar muito o ganho, fazendo com que o entrevistador tenha que colocar o mic quase dentro da sua boca ou do entrevistado cobrindo metade do rosto devido ao efeito de proximidade causado por certas lentes.

No caso de microfones de mão, como disse antes, estes devem aparecer por princípio, porque fazem parte do ato jornalístico da entrevista. E mesmo por seu tamanho e posição nas mãos do repórter. Mesmo porque  qualquer tentativa de escondê-los é inútil. É muito comum em jornalistas principiantes abaixar de mais o microfone (tentando seguir a regra do dorso do polegar no meio do externo) e acabar colocando o mic quase no estômago. Além de feio prejudica a captação, fazendo com que o operador de áudio ou o próprio câmera tenham que aumentar muito o ganho gerando ruído e vazamento do áudio ambiente.

Seja qual for o microfone utilizado e seu posicionamento, é importante que o ganho seja regulado no mixer ou adaptador (ou mesmo na câmera ENG ou gravador externo) de forma a captar claramente a voz ou a fonte a ser gravada evitando a captação de fontes indesejáveis em volume adequado. No caso de captação em DSLR o áudio não deve clipar (estourar) e nem ficar baixo em demasia no adaptador. Para que chegue à câmera em volume que permita manter o ganho desta em valores mínimos como veremos a seguir.

7 – A câmera não é a única culpada!

Já expliquei que todas as DSLR sofrem com pré-amplificadores de péssima qualidade. Mas o formato de gravação de áudio não é melhor ou pior que as câmeras ENG broadcast ou câmeras de cinema. Como regra geral todas elas inclusive as DSLR captam, no mínimo, áudio no formato LPCM 24 bits @ 48 Khz. Basta olhar as especificações de modelos tão distintos como uma Canon C-300 ou 5DMKIII, uma Sony ENG PXWX-500 ou uma RED Dragon dependendo do codec de vídeo utilizado.

Evidentemente a qualidade do áudio gravado nesses modelos citados não será a mesma exatamente em função dos componentes eletrônicos usados nos pre-amps de cada um. Então o que precisamos fazer, no caso das DSLR principalmente é “diminuir” a relação sinal-ruído usando alguns truques. Já falei sobre melhor a captação ao máximo usando planejamento prévio, bons microfones, boa operação e localização dos mesmos e bons mixers. Então, nesse ponto, temos um sinal captado com qualidade que será enviado pelo adaptador para a câmera via cabo de áudio conectado entre a saída balanceada ou desbalanceada do adaptador e a entrada de microfone (geralmente 3,5mm estéreo) na maioria das DSLR’s.

Como expliquei ali em cima, a entrada de microfone da câmera, por si só, já é muito ruim. Então até o formato e qualidade do cabo de ligaçãoo entre o mixer (ou adaptador ativo de áudio) faz grande diferença. Pela fragilidade do conector e seu material construtivo, escolha um cabo com a ponta de 3,5mm em angulo de 90 graus. Os plugues retos forçam demais o conector da câmera podendo até mesmo quebrar os pontos de solda que o ligam a placa lógica do equipamento. Se possível, escolha um cabo banhado a ouro para evitar ruídos causados  por oxidação que causa mau contato. Sempre que possível prenda de alguma forma o cabo próximo ao conector em alguma parte firme da câmera ou no rod. Isso evitará não só o desgaste prematuro da conexão como um desligamento acidental, já que o conector não tem trava de segurança.

8 – Não deixe a câmera pensar por você!

Quase todos os modelos recentes de c6ameras DSLR tem no menu a função de desativar o ganho automático do microfone. Use por favor!
Os VU meters não estão nos equipamentos de áudio só por serem simpáticos...Sendo analógicos ou de varra de LEDS devem ser bem usados. O audio de entrada não deve ultrapassar os -6dBu de intensidade média e máximo de -3dBu de pico no adaptador de áudio. 

Selecione o modo manual e depois de regular o ganho do microfone de acordo com a fonte sonora a ser captada – monitorando com um bom fone de ouvido na saída de fones do adaptador – e observando o VU meter analógico, se houver, ou o LED que indica o clipping (saturação) do sinal. Em caso de adaptadores com mostrador analógico ou barra de LEDS o sinal não deve ultrapassar mais que -6dB ou seja, 70% do limite de saturação (0db).

Se houverem controles de atenuação de graves e agudos (potenciômetros ou chave duas posições) experimente até encontrar um áudio flat (plano) sem agudos estridentes ou graves muito baixos. Lembre-se que é mais fácil adicional um pouco de grave ou agudo na edição do que tentar disfarça-los na pós.

Depois de equalizar o áudio no adaptador, passe o fone de ouvido para a saída de fones da câmera – aqui temos outra maldição: a falta de saída de fones em muitos modelos de DSLR – e nesse ponto, verifique o nível sonoro nas barras de áudio para os dois canais. Se estiver usando um microfone apenas no adaptador de áudio, este geralmente tem um botão para duplicar o áudio de um canal no outro vazio. Isso evita que no canal vazio o ruído dos pré-amplificadores se sobressaia.
Em qualquer DSLR que tenha esse recurso: gravação de áudio no modo manual, nível de gravação colocado entre o início da escala e a primeira barra e VU meter "batendo" no máximo na metade da escala. Entre -20 e -14dBu são suficientes. 

A regra para a maioria das DSLR é deixar o ganho regulado para o sinal não passar da primeira marcação da barra de medição. Não se preocupe com o volume. Mais tarde na edição você poderá adicionar mais ganho se achar necessário. É bem mais fácil do que depois tentar tirar ruídos de hiss (chiado) e hum (som grave semelhante ao de transformadores de alta tensão) ou os apitos e cliques de um áudio estourado (clipado). Um valor de ganho de 35 a 40% é o ideal. Como referencia, para câmeras que possuem barras de volume de áudio coloridas, 75% é o início das barras amarelas e 100% (0dB) o início das barras vermelhas.

Depois de tudo regulado, grave a fonte sonora (se for uma pessoa peça que ela fale em voz normal e depois em um tom mais alto) e escute a gravação. Se tudo estiver normal, o som gravado estará nítido e claro, sem predominância de graves ou agudos e sem cliques. O chiado (hiss) que o circuito da maioria das DSLR grava no áudio estará ausente ou quase imperceptível e poderá ser retirado totalmente na edição sem afetar o timbre ou a qualidade do material gravado.

Além do ganho automático, desative qualquer outro controle que esteja disponível, como o redutor automático de ruídos e o redutor de vento. Todos esses artifícios fazem com que o circuito de ganho seja ativado, mesmo estando o AGC (controle de ganho automático) desativado.

Se todos os cuidados descritos até aqui forem tomados e seus equipamentos forem de qualidade e sem defeitos, a qualidade do áudio direto captado e gravado pela câmera terá qualidade mais que suficiente para receber pequenos ajustes na edição e ter a qualidade final dentro dos padrões exigidos para veiculação em televisão aberta e principalmente: vai encantar e envolver seu cliente dentro da narrativa de seu audiovisual.

Grande abraço!


  

      



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Marcelo Ruiz

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