07/06/2012

Mimo para poucos...



Depois da Sony lançar a nova lente prime SCL-P11X15 com servo-assistência, da qual já postei a matéria, agora chega a vez da Fujinon, tradicional fabricante de lentes para câmeras broadcast e também para cinema, lançar seu modelo híbrido. A lente Premier PL 19-90mm Cabrio T2.9 com montagem PL, é voltada para os profissionais acostumados ao estilo ENG de câmeras de ombro, com controles eletrônicos de zoom, foco e íris ao alcance da mão. Outro fabricante tradicional de lentes, a Angenieux, também oferece um sistema de servocontrole para suas lentes prime para cinema.

Com a nova tendência das câmeras digitais de grandes sensores, a necessidade de uso de lentes especializadas, notadamente as prime de distancia focal fixa e totalmente mecânicas, deixou uma lacuna no uso desses equipamentos em atividades de cobertura jornalística ou de eventos. Câmeras como a Canon 5DMkIII e C-300, Sony FS-100 e F3 e Panasonic AF-100, para não falar das REDONE e Arri Alexia, tinham poucas opções de lentes motorizadas.

Lente PL Angenieux da série Optimo com servo acoplado 

É  bem verdade que o uso dessas câmeras é  mais voltado a produção de cinema ou publicidade séria, onde os planos previamente definidos e estudados não necessitam de agilidade no uso de efeitos de zoom ou focagem automática. Mas esses mesmas câmeras estão invadindo aos poucos o ambiente de televisão, notadamente o documentarismo. Nesses casos e ainda no uso diário como câmera de reportagem externa, fica impossível trabalhar com trocas de lente, focagem exclusivamente manual ou mesmo ausência de zoom.

A grande questão para nós, produtores com poucos recursos financeiros, aqui no Brasil, ainda é o alto custo desses equipamentos. A nova lente da Fujinon, por exemplo, deve ser comercializada a incríveis US$ 38.000,00. Aqui no Brasil, importada oficialmente e com as taxas alfandegárias, não deve ser vendida a menos de R$ 120.000,00.  A procura por qualidade de imagem e mais opções criativas tem levado muitos profissionais a optarem por câmeras de grande sensor. O sucesso da Canon 5DMKII é um exemplo disso.
Sony NEX VG20 com lentes originais  

A linha NEX da Sony também tem alcançado popularidade, tanto com os modelos semiprofissionais, como as NEX-VG10 e VG20, bem como a NEX FS100 e sua sucessora a FS700, com mais recursos. A PMW-F3K também esta despertando bastante interesse, apesar do preço salgado.  Mas tenho observado que todos esses modelos tem sido usados geralmente com as lentes originais fornecidas pelo fabricante ou lentes convencionais fotográficas, geralmente da Nikon ou Sigma, com uso de adaptadores.

Sony NEX com adaptador MTF services e lente Nikon da série G 

Não restam dúvidas que a qualidade de imagem oferecida por esses conjuntos é bem superior a de captações realizadas com as com as câmeras tradicionais de lentes fixas. Câmeras populares e antes tidas como sonho de consumo por pequenas e médias produtoras, como a Sony Z7 ou NX5 e Panasonic AG150 ou 170, já não fazem mais a cabeça de muitos diretores de fotografia e cinegrafistas. A maioria está optando pelos modelos 5DMKII ou MKIII que tem feito muito sucesso.
kit Canon 5DMKII com lente 24-105mm

Mas o potencial dessas novas câmeras de lentes intercambiáveis e a melhor imagem que elas podem produzir só são alcançadas com lentes apropriadas. Estou falando não de fotografia estática, mas de vídeo. As lentes de cinema, que todas essas câmeras podem e devem usar para captar imagens em movimento, ainda são raras em nosso meio. Lentes prime (foco fixo) ou lentes zoom para cinema sempre foram muito caras. Mesmo nos países que as fabricam. No Brasil, por conta da falta de interesse do governo em isentar ou reduzir impostos e facilitar a importação, como é feito com a indústria automobilística, tornam o preço desses equipamentos ainda mais caro e inacessível.

No exterior pagar cerca de US$ 25 mil por um jogo de lentes Compact Prime da Zeiss para usar em uma Sony F3 com custo de US$ 17 mil é coerente. Ainda mais que essas lentes podem ser usadas por décadas e não ficam obsoletas. É um investimento a prova de futuro. Você troca a câmera e não seu jogo de lentes. Mas no Brasil já é muito pesado pagar cerca de R$ 40 mil em uma Sony F3. E arcar com mais R$ 100 mil em lentes, torna o investimento inviável.
Kit de lentes Compact Prime Zeiss PL

Os valores pagos pelos contratantes anda tão baixo que, mesmo contando com a durabilidade das lentes, fica difícil e até temerário entrar em um banco para solicitar um financiamento, suficiente até para comprar um apartamento de classe média, sem ter certeza de poder arcar com as prestações fazendo dinheiro com produções de vídeo cada vez mais desvalorizadas e com concorrência acirrada. No fim das contas, o profissional acaba comprando uma 5D e utiliza aquela mesma lente genérica fornecida no kit e que, diga-se de passagem, não é a melhor produzida pela Canon, para realizar todas as captações.

No final, apesar de ganhar alguma qualidade e maiores possibilidades criativas, continuamos presos ao conceito da câmera com lente fixa, com todos usando os mesmos modelos e acabando com as mesmas imagens pasteurizadas. E a julgar pelo interesse do governo, que vê apenas na redução de IPI para as montadoras de automóveis, a solução para manter a geração de emprego e negócios, a situação não vai mudar tão cedo. E a acomodação e falta de mobilização de nosso setor também ajuda bastante...

Grande abraço a todos!

Marcelo Ruiz

Um comentário:

  1. Olá Marcelo, seus comentários acima são pertinentes, principalmente quando se referem as produções independentes, cujo a demanda envolve pouco dinheiro, restringindo o investimento das produtoras em acessórios e equipamentos. Porém, justamente por conta disso, é que nossa produtora continua utilizando a Sony Z7 com uma Zoom Fujinon Th16x5.5BRM, que permite agilidade e melhor custo benefício na maioria das produções. As HDSLR chamaram a atenção pela sua fotografia mas, não deixaram de ser máquinas fotográficas frágeis e limitadas e que para funcionar na sua plenitude, exige áudio externo, bem como outras parafernálias tornando o equipamento caro e pouco ergonômico. Tenho acompanhado o surgimento de filmadoras que buscam essa fatia de mercado, de sensores grandes mas, por enquanto são problemáticas segundo técnicos de manutenção da área, como por exemplo as FS100 e FS700, bem como a AE50H que são um lixo em termos de construção e eletrônica. Se fossemos investir numa fotografia diferenciada, investiríamos num Letus 35 para funcionar com a Z7 e objetivas Nikon. Gosto do seu trabalho e continuarei acompanhando seus comentários.
    Abraço
    Maurício Xavier

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Marcelo Ruiz

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