A Apple lançou essa semana o novo MacBook
Pro com a tal tela Retina. Mas o preço é tão alto quanto a nova resolução. A
tecnologia, antes disponível apenas no iPhone 4 e no novo iPad, entrega
vistosos 2880 x 1800 pixels em uma tela de 15,4 polegadas, fazendo dela,
segundo a Apple, a “maior resolução do mundo na tela de um notebook”, com 3
milhões de pixel a mais que uma televisão HD.
Mas depois dessa entrada triunfal, mesmo
com especificações técnicas interessantes, o novo sonho de consumo do
aficionados pela marca da Maçã, parece perder fôlego ao correr atrás do preço
de lançamento no Brasil. Fomos conferir a novidade no site brasileiro e em uma
simulação de compra, optando pela configuração top, nos deparamos com surreais
R$ 16 mil reais de preço final. Foi o sonho virando pesadelo! Mas . apesar do preço, o novo Mac vale apena para editar vídeos?
Será que vale mesmo a pena desembolsar
quase 70% do valor de um carro popular para ter essa máquina em cima da mesa de
trabalho? Suspeitamos que não. Mesmo com um processador Intel i7-3820QM de 2,7 GHz, 16 GB DDR3 1600 MHz de RAM e 768 GB de
armazenamento em estado sólido, placa de vídeo dedicada NVIDIA GeForce GT 650M
com 1GB de memória GDDR5, além do processador gráfico Intel HD 4000 incorporado
na CPU e duas portas Thunderbolt, o
valor pedido pela Apple ainda é salgado.
Para fazer caber todas essas especificações
em um corpo de alumínio ainda mais fino que o modelo anterior – agora o Mac
BookPro tem apenas 1,8 cm de espessura – com uma autonomia declarada de 7 horas
de duração, todos os componentes foram incorporados a placa lógica principal.
Simplesmente não existe possibilidade de upgrades
futuros. Até mesmo os módulos de memória RAM estão soldados na placa-mãe.
Todos os componentes estão soldados na placa-lógica (Imagem: Site iFixit)
Se você quiser os 16 GB máximos, que o
modelo de 15” oferece como opção, já tem que encomendar na compra. Não há
possibilidade de acrescentar depois. Assim como o espaço de armazenamento, que
é composto de um drive flash proprietário, que pode ou não ser atualizado
futuramente. Pelo sim, pelo não, isso quase obriga o comprador a optar por
pagar mais R$ 1750,00 para trocar os 512 GB que são oferecidos na configuração
básica.
Não bastasse isso, o novo modelo vem sem
drive de DVD. Se antes havia a eterna discussão da falta de um drive de BluRay,
que o falecido jurou jamais colocar em um produto seu, agora ela acabou de vez.
Nem BluRay, nem DVD. E as excentricidades não param por aí. Não existe porta Ethernet também. Somente WiFi. Se o
feliz comprador do novo Mac quiser conexão por cabo a web, terá que gastar mais
oitenta pratas para comprar um adaptador. E a Apple também foi econômica nas
portas USB: são apenas 2 funcionando tanto no padrão antigo 2.0 como na nova
especificação 3.0. Em compensação estão lá duas portas Thunderbolt de 10Gb/s de
velocidade e uma novidade: uma porta HDMI que aparece pela primeira vez em um
portátil da marca. Há ainda uma entrada para cartão SDXC que também é novidade
recente, já disponível no MacAir.
O design e acabamento, como não podia
deixar de ser em um produto da marca, é impecável por fora e por dentro, uma
verdadeira obra de arte. Não restam dúvidas que os admiradores da marca, como
eu, já estão babando e tendo calafrios para correr à loja mais próxima e levar
para casa o mimo. E afinal de contas quem liga para atualização ou
custo-benefício? Afinal trata-se de um Mac!
Mas colocando a paixão de lado, aqui nosso
assunto é outro. De nosso ponto de vista trata-se de mais uma ferramenta de
trabalho disponível para os profissionais da área multimídia. Digamos que
poderíamos chamar até de estação de trabalho, embora fugindo ao conceito
clássico. Então, deixando de lado um pouco o preço, já que workstations
gráficas são necessariamente mais caras, temos que pensar na funcionalidade e
na capacidade de lidar com os fluxos de trabalho atuais e futuros. E nesse caso
devemos pensar em um futuro mais a longo prazo, já que como vimos, os upgrades
não serão uma opção.
E esse pode ser o primeiro ponto a ser
analisado. Geralmente espera-se que workstations, mesmo móveis, possam ter uma
capacidade razoável de adaptação a novas tecnologias e vida útil mais longa
graças a possibilidades de atualização de alguns componentes. E esse certamente
não é o caso do novo MacBook Pro. Outra questão importante é uma certa
autonomia de funcionamento. Algo que já venha pronto para executar um
determinado tipo de tarefa, que um
computador normal não seria capaz de lidar sem diversas alterações de hardware
e software.
Nesse aspecto, nos chamou atenção o enorme
espaço ocupado pelas baterias dentro do gabinete, chegando a mais de 50% da área disponível. Fica bem claro que a
Apple quis privilegiar a autonomia, afinal ela afirma que serão 7 horas de
trabalho sem necessidade de uso de energia externa. Mas será que uma estação de
edição necessita estar tanto tempo assim fora de nossas mesas de trabalho? Certamente muitos de nós preferiríamos
metade da autonomia em troca de espaço para mais 2 drivers de armazenamento,
preferivelmente em RAID. Mesmo usando a tecnologia de estado sólido, as taxas
de transferência de dados, principalmente a escrita, em uma única unidade de
armazenamento, dedicada ao sistema operacional, programas e arquivos vai
certamente criar um gargalo.
Nova conexão MagSafe, 2 portas Thunderbolt, USB 3.0 e fone de ouvido (Foto: Site iFixit)
Coisas como a nova porta Thunderbolt, com possibilidade de
transferência de dados a 10Gb/s dificilmente serão usadas em toda a sua
capacidade. Nesse ponto já vemos a necessidade do uso de estações externas de
armazenamento, não apenas por conta da velocidade, mas da enorme quantidade de
dados gerados por conteúdo em alta definição.
Uma unidade externa com capacidade para 4 discos rígidos em RAID e com
porta Thunderbolt não sai hoje por menos de R$ 6 mil. Fora a perda da
mobilidade. Em outro aspecto temos ainda
a questão da visualização.
A tela Retina sem dúvida oferece uma
excelente qualidade de imagem, desde que o programa sendo executado já tenha
sido adaptado para a nova tecnologia. Nem a própria Apple adaptou todas as suas
app’s ainda. Mas a verdade é que para edição de vídeo a presença do segundo
monitor é quase obrigatória. Ao menos se tivesse sido lançada uma versão de 18
ou 19 polegadas, desse novo MacBook, com a tecnologia Retina, poderia se pensar
em prescindir do segundo monitor.
Sendo quase necessária a aquisição de um
monitor externo, compatível com a qualidade de imagem da tela Retina, lá se vão
mais R$ 3,5 mil de um Apple Thunderbolt Display de 27”. E falando de imagem, ainda não temos
testes disponíveis, com a nova suíte Adobe CS6, rodando no novo Mac, mas não
tenho grandes expectativas com o desempenho do Mercury Playback Engine rodando na
GT650 com apenas 384 núcleos Cuda. Uma GTX 480 talvez seja até mais rápida em
um desktop bem afinado. E um notebook desse nível e nessa faixa de preço poderia ter ganho uma GTX680M com 1344 núcleos.
NVidia GForce GT650: somente 384 núcleos Cuda para o Mercury PB Engine.
Somando o monitor externo extra e a unidade
de armazenamento em RAID, ao custo inicial da configuração máxima disponível
para o novo MacBook Pro, chegaríamos casa dos R$ 25.000,00 para levar para casa
esse kit. Pronto, agora chegamos ao valor de um automóvel zero. Para efeito de
comparação, esse valor seria suficiente para comprar pelo menos 3 workstations
DELL M4600 razoavelmente configuradas ou mesmo um MacPro de 12 núcleos com 32
GB de RAM e 6 TB de armazenamento total, ainda sobrando troco.
Apesar de tudo, para os apreciadores da
Maçã e para quem gosta de exclusividade, trata-se de uma bela obra de
tecnologia e design. E assim como você não iria comprar uma Ferrari para usar
em uma estrada de terra esburacada, esse MacBook Pro é para comprar colocar na
sua garagem e ficar admirando.
Grande abraço a todos!
Marcelo Ruiz
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Marcelo Ruiz
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