Hoje as câmeras com cartões ou mídia
interna estão dominando o mercado de vídeo produção. Para que trabalha com
comerciais e outros vídeos que não necessitam tanto serem guardados por muitos
anos, não existe muito problema. Mas quem trabalha com vídeos institucionais e
eventos sociais, se depara com a necessidade de guardar durante muitos anos o
material do cliente. Embora não tenhamos obrigação legal nenhuma de guardar o
material bruto ou finalizado de um casamento, por exemplo, de um modo geral
todas as produtoras acabam guardando.
E não é raro os casos de clientes, que
perdem as diversas cópias em DVD do seu evento e voltam a produtora para pedir
outras. Nesses casos fica muito chato dizer ao cliente que apagamos ou
descartamos tudo. Mas como fazer para guardar tantas horas de vídeos com
segurança e economia? Existem várias opções. Cada uma delas oferece vantagens e
desvantagens em termos de segurança e custos. E muitas vezes a solução mais
cara, não é a mais segura.
Vamos analisar as opções disponíveis e ver,
caso a caso, esses detalhes. Devemos partir de algumas premissas básicas:
·
Se o conteúdo é importante,
precisa ser guardado com segurança;
·
Para oferecer segurança, ele
deve estar em um meio (mídia) diferente da original, pois se houve um erro em
um arquivo digital e ele é copiado para uma mídia do mesmo tipo, o erro vai se
apresentar nas cópias;
·
Manter os arquivos de backup no
mesmo espaço físico dos arquivos originais também é um risco, pois um roubo, incêndio
ou inundação, para citar alguns danos mais comuns, vai destruir o original e as
cópias de segurança;
·
A disponibilidade do material
ao longo dos anos, também deve ser levada em consideração. Não adianta guardar
em um meio que não possa ser lido ou acessado em um futuro próximo. O bom
backup deve ser viável em longo prazo. Vejamos alguns casos:
1.
Em termos de durabilidade,
confiabilidade e facilidade de acesso, por incrível que pareça, a boa e velha
película cinematográfica é a campeã. Existe a mais de um século, os meios para
acesso (um projetor cinematográfico) podem ser construídos em qualquer tempo,
no futuro, pois são tecnologia simples e conhecida, as negativos já provaram
sua durabilidade por períodos de mais de um século, quando guardados nas condições
ideais. Hoje em dia, com o declínio das filmagens em película, esta mais
difícil o acesso a esse meio como forma de backup, mas isso não quer dizer que
ele esteja ultrapassado em termos de durabilidade e segurança.
2.
Os sistemas de bancos de dados
em computador ou na nuvem (iCloud storage).
Esse último está se tornando muito popular, substituindo os bancos de dados
particulares em empresas de grande e médio porte. O custo altíssimo de
manutenção do sistema próprio é dividido com outros usuários. Mas ainda é caro,
considerando que se paga atualmente cerca de R$ 2,00 por GB de espaço por mês
(R$/GB/m daqui por diante nesse texto). A questão de segurança, embora esses
servidores fiquem em locais seguros até de ataques nucleares, tem sido
questionada por especialistas. Uma catástrofe mundial, como um bombardeio de
raios cósmicos provenientes das erupções do Sol, poderia destruir facilmente
qualquer equipamento eletrônico ou mesmo o fornecimento de energia no mundo.
Nesse aspecto, podemos voltar ao filme de película. Basta um projetor movido a
manivela ou corda, uma fonte de luz, que pode ser uma lâmpada a gás, e lá esta
seu conteúdo pronto para ser assistido. Em uma catástrofe, você pode perder
muitos indivíduos com a capacidade de criar computadores e sistemas, mas
certamente achará com mais facilidade ferreiros e torneiros mecânicos que
possam construir um projetor rudimentar.
3.
Discos rígidos (HDD) guardados
em computadores ou isolados em um cofre. São hoje uma das opções mais baratas,
pois o custo gira em torno de R$ 0,12 por GB armazenado em disco fora de um
computador. Se estiver funcionando dentro de uma estação de armazenamento, o
risco de dano físico e o custo/mês aumentam mais, dependendo do tamanho do
sistema e medidas de segurança. Na questão de fragilidade a catástrofes tem o
mesmo problema dos servidores em nuvem. E também não são a prova de tempo. Hoje
mesmo, sem nenhuma catástrofe, que tiver um velho HDD padrão IDE, vai encontrar
dificuldades em achar um computador com placa-mãe com conectores IDE
disponíveis no mercado. Somente placas antigas, usadas, dispõe desse recurso.
4.
Mídias em estado sólido, como
SSD HD, cartões de memória e pen-drives. São mais seguros que os HD mecânicos,
pois são mais resistentes a quedas e até mesmo imersão em água. Existem
diversos casos documentados de câmeras fotográficas caídas no mar, por turistas
descuidados, que foram levadas à praias distantes milhares de quilômetros do
ponto onde foram perdidas e os cartões com fotos puderam ser lidos em um
computador. Em alguns casos, o dono foi
encontrado, depois das fotos terem sido postadas na internet. Mas o custo ainda é alto, cerca de R$ 0,65/GB
para cartões SDHC ou cerca de R$ 2,91/GB para SSD HD. Existe também o problema
das catástrofes naturais que podem inviabilizar a leitura, seja por destruição
da mídia ou extinção da tecnologia necessária para a leitura.
5.
Fitas magnéticas de dados,
vídeo ou áudio. Também estão caindo em desuso. Mas, depois dos filmes em
película, foram as mídias que se provaram, na prática, as mais duráveis. Fitas
máster de áudio e vídeo dos anos sessenta, ainda podem ser recuperadas com
razoável qualidade no caso de vídeo e qualidade original no caso de gravações
sonoras feitas em estúdios profissionais. Então isso nos leva a uma duração de
mais de 50 anos, desde que conservadas adequadamente. O custo atual também é
baixo. Uma fita Beta SP de vídeo, pode armazenar até 90 minutos de vídeo
componente sem compressão, o que corresponde a cerca de 100GB de dados, se o
mesmo vídeo fosse armazenado em meio digital. Isso gera um custo de R$ 0,90/GB
considerando-se o custo médio de uma fita em R$ 90,00. Os contras são a
obsolescência dos equipamentos e as mesmas possibilidades de catástrofes,
citadas no caso de armazenamento em nuvem. Os equipamentos atuais para leitura
e gravação dessas mídias, baixaram de preço em várias dezenas de milhares de
reais. Mas como deixaram de ser fabricados, não se pode garantir a manutenção
futura dos mesmos, muito embora tenham sido construídos para durar décadas. Um
modelo novo hoje ainda possível de ser encontrado ou usado em excelente estado,
tem uma expectativa de vida útil de mais de 40 anos.
6.
Mídias óticas. Hoje são um meio barato, prático e acessível
para se guardar áudio e vídeo. O custo de armazenamento de um vídeo em BluRay não passa de R$ 0,20/GB. Só
perdem para os discos rígidos mecânicos. Em compensação são frágeis e sensíveis
a manipulação excessiva, a exposição a luz e ao calor extremo. Um pequeno
arranhão em uma área determinada pode corromper todo o disco, tornando quase impossível
a recuperação. Também dependem de equipamentos que podem se tornar obsoletos
rapidamente ( já se fala no fim das mídias óticas para distribuição de música e
vídeo. E muitas empresas de software, como a Apple, não oferecem mais leitores
óticos nos seus produtos e mesmo a venda do sistema operacional OSx é feita
somente por download atualmente. Em caso de catástrofes também terão os mesmos
problemas do armazenamento remoto em servidores, das fitas magnéticas e cartões
de memória. A curto prazo, pela facilidade de acesso e custo baixo, são a opção
mais popular e viável, depois das fitas
magnéticas. Porém tem o problema da compressão de dados, tanto em áudio, como
em vídeo, o que pode se tornar um problema para futuras remasterizações.
Se levarmos em conta as regras de segurança
e as considerações acima sobre preços, viabilidade e disponibilidade, podemos
finalizar com algumas conclusões:
·
A ilha de edição não é lugar
para guardar os arquivos de trabalhos finalizados para um médio ou longo prazo,
mesmo porque acaba lotando os discos de sistema e projetos, diminuindo o
desempenho do computador (discos com mais de 50% da capacidade ocupada, chegam
a perder 60% de eficiência);
·
Por motivos óbvios de
segurança, manter backups ou arquivo morto no mesmo local, mesmo em
computadores diferentes, onde estão os arquivos originais é um risco muito
grande, principalmente durante a edição, pois vc não tem sequer uma cópia já em
poder do cliente, para gerar outra cópia de segurança. Perdeu dados nessa fase,
perdeu o cliente e ainda pode estar sujeito a um processo;
·
A mídia mais barata para
arquivamento é o disco rígido convencional, fora do computador, guardado em
ambiente sem humidade, calor ou vibração excessivos;
·
A segunda opção são as fitas
magnéticas de qualidade profissional, guardadas nas mesmas condições;
·
O velho filme 35mm é a opção
com mais longevidade e facilidade de recuperação futura, mesmo em caso de
calamidades extremas que extingam toda a tecnologia digital. Em contrapartida
tem o custo mais elevado e dificuldades de acesso no presente ( um paradoxo);
·
Os cartões de dados são a
segunda opção mais cara e os mais fáceis de serem extraviados, devido ao
tamanho reduzido. Facilitando inclusive roubo de informações por passarem quase
despercebidos em vistorias de segurança.
Então vamos prestar mais atenção na forma
como estamos conservando e guardado nossos conteúdos para nosso uso futuro ou
das gerações que virão, até mesmo para não perdermos dinheiro com o custo de
armazenamento. Como dizem os profissionais de TI, nós só pensamos e damos valor
ao backup, quando perdemos dados que estavam sem ele.
Grande abraço a todos!
Marcelo Ruiz
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Marcelo Ruiz
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