Recebi uma câmera JVC GY-HD100u como parte
de pagamento em uma venda. Essa câmera foi lançada em 2005 e o exemplar que
recebi foi fabricado em 2006. A câmera foi
pouco usada e estava muito bem conservada, com apenas 190 horas de
cabeça. Ainda usa fitas MiniDV e apesar de ser um modelo HD, na verdade o
primeiro lançado pela JVC para o segmento broadcast low profile, capta apenas em 720P (1280 x 720).
Na época do lançamento, fez muito sucesso e
dela derivaram os modelos GY-HD110U, GY-HD200UB. GY-HD250U, GY-HM700XT, já fora
de produção, continuando com as atuais GY-HM710U, GY-HM750U e a top de linha
GY-HM790U. A excelente qualidade de construção, com corpo em metal, as ótimas
lentes Fujinon ENG, a robustez e os comandos simples e bem posicionados, como
devem ser em uma câmera estilo ENG (reportagem) fizeram com que a série
continue em produção, oito anos após lançamento.
JVC GY-HD100U e Sony NEXEA50UH: gêmeas separadas na maternidade?
A fórmula, de câmera compacta, que pode ser
usada na mão ou no ombro, inclusive adotada pela Sony no novíssimo modelo
NEXEA50UH, é receita fácil de sucesso. E os dois modelos, respeitadas algumas
diferenças técnicas, compartilham conceitos importantes para o mercado, como
lentes intercambiáveis, zoom, foco e íris com opções manuais ou servo
assistidas, bom visor ocular, complementado com tela LCD, entradas XLR profissionais e comandos simplificados e
acessíveis.
Para matar as saudades da velha companheira
e como muitos leitores me reportam as dificuldades com captações com pouca luz
e dificuldades com o formato AVCHD, resolvi fazer uns testes com algumas cenas
noturnas e voltar a editar o velho formato HDV MPEG Long GOP. Para o teste, eu
quis forçar os limites da JVC, captando com pouquíssima luz, mesmo abaixo dos
padrões aceitáveis para cenas noturnas. Para isso escolhi o formato 24P para
poder usar velocidades bem baixas de diafragma. Como eu não queria ultrapassar
os 9dB de ganho, para evitar muito ruído nas áreas sem luz, acabei ficando com
a única opção de usar uma velocidade extremamente baixa de obturador: 1/24s,
que corresponderiam, em uma câmera de cinema a um diafragma a 358 graus.
Em qualquer velocidade abaixo de 1/50, os
objetos se movendo em velocidade pela cena e as pans e tilts rápidas,
causam blur e flicker. Por isso optei pela câmera estática em tripé e todos os
comandos em modo manual. Mas apesar da câmera estática, os objetos se movem e
em alguns casos, eu captei cenas com automóveis passando na cena em alta
velocidade. Mas a velha senhora me surpreendeu com a pouca granulação e a
ausência quase total de fickers ou
pulos nas imagens. O blur de objetos
em movimento está lá, mas é aceitável e, particularmente, uma característica
que me agrada nos filmes. Imagens extremamente nítidas, em cenas com muito
movimento, não são naturais porque nossa visão não trabalha dessa forma. Ela
também usa o recurso de borrar o que vemos para privilegiar a compreensão mais
rápida pelo cérebro.
As lentes Fujinon, totalmente mecânicas,
mas com a possibilidade da servo-assistência, extremamente fáceis de focar,
ajudaram muito no trabalho. É realmente uma pena que a cada ano, os
fabricantes, quando não optam por vender os equipamentos sem lentes, diminuem
mais a qualidade das lentes fixas ou intercambiáveis fornecidas no conjunto. Um
tiro no pé.
Quanto a edição, o velho codec HDV Sony,
usado também pela JVC e Canon, com compressão baseada no formato MJPEG, exige
muito menos da estação de edição que o AVCHD, além de permitir mais erros do
operador na captura e maior facilidade de correção na edição. Além disso,
facilita o trabalho na hora da exportação para DVD, já que este utiliza o mesmo
esquema de compressão.
Então fica a dica. Se você não necessita entregar seu projeto em HD 1080P, usando mais frequentemente o DVD, essa câmera é uma mão na roda. E anda com preços baixíssimos no mercado de equipamentos usados. Caiu em desgraça pela mancada da JVC em ter oferecido o produto prematuramente para o mercado brasileiro, nos idos de 2005, como solução para a captação em HD, quando o Ministério das Telecomunicações ainda não havia decidido se nossa tv aberta adotaria o padrão europeu de 720 linhas progressivas ou o padrão japonês de 1080 linhas entrelaçadas. Quem comprou apostando no 720P ou por falta de informação, acabou ficando frustrado. O lançamento da Sony HVR-Z1U logo após a definição do padrão e no aproveitamento da fama da boa PD-170, acabou por consolidar a marca e deixou a JVC no vácuo.
Em breve vou postar mais alguns testes,
dessa vez com boa iluminação, com conversão inclusive do 720P para o 1080P para
ver as possibilidades.
Grande abraço a todos!
Marcelo Ruiz
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Marcelo Ruiz
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