Não importa qual seja a luz e de que fonte ela venha. Aluz é sempre amiga do fotógrafo e não sua inimiga. Fotograma do filme Baraka" de Ron Fricke (1992), EUA. |
Recebi uma pergunta de um leitor,
que não é um caso isolado. Muitos
procuram por esse tipo de solução. Mas a verdade é que ela não existe:
“Você sabe qual a melhor configuração para filmagens à noite e de dia
com a câmera Sony HVR Z5N? Se souber poderia me dizer qual é, por favor? Preciso
configurar a minha para testa-la.”
Na verdade essa é uma pergunta
para a qual não há resposta. Não existe a tal configuração ideal, pois a cada
cena captada, dependendo de diversos fatores, as exigências mudam. A própria luz
do dia ou da noite muda o tempo todo. Então um ajuste único, tipo receita de
bolo, não existe e se for tentado, na maioria dos casos só iria piorar as
coisas. Mas como linhas gerais, o que se pode sempre recomendar é fazer muitos
testes com o equipamento, em diversas situações, experimentando várias opções que
configurações que ele oferece. Para isso é preciso antes conhecer bem os
fundamentos da fotografia e do vídeo. Entender como eles influenciam o
resultado da imagem final. Isso já é um grande passo para prevenir os erros mais
comuns. Existem diversos sites sobre o assunto na web, inclusive abordando
modelos específicos de câmera. Sites com as noções básicas da fotografia também
são abundantes e com diversos níveis de complexidade.
Quanto ao caso específico da Sony
HVR-Z5N, que se aplica também ao modelo Z7, sempre houve uma reclamação dos
cinegrafistas quanto ao excesso de ruído em situações de pouca luz. De todas as
câmeras da Sony portáteis que eu operei, esses modelos me deram muita dor de
cabeça em situações de pouca luz. Mas depois que se aprendia a contorna-los as
imagens passavam a ter uma qualidade muito boa. E na maior parte dos casos, trata-se
de configurações gerais aplicáveis a qualquer marca ou modelo de câmera. Geralmente
os maus resultados são devidos a erros ou vícios de operação cometidos pelo
cinegrafista.
A ausência de luz também é informação relevante na composição da cena. Fotograma do filme Baraka" de Ron Fricke (1992), EUA. |
O mais importante é tirar sua câmera do modo automático. Seja de
dia ou na noite. Modo automático em vídeo só serve para causar problemas. Na
hora que estamos filmando parece tudo parece bem no LCD. Depois, na hora da edição,
no monitor grande e de alta definição, se
descobre os erros e na maioria dos casos não se pode corrigir. Então, como
sempre digo, o mais importante é captar certo, como se não existisse a possibilidade
de edição.Vamos às dicas gerais:
- Câmera deve estar sempre com todos os ajustes no modo manual;
- Jamais confie no LCD. Ele quase sempre vai mostrar uma imagem falsa com muito mais ou muito menos contraste, principalmente em situações extremas de luz;
- Use sempre que possível o viewfinder (ocular), deixando-o no modo preto e branco, pois fica mais fácil checar o contraste, sombras, foco e zebras com precisão;
- Cor não importa tanto. Se a imagem está com contraste e definição em PB e o balanço de branco foi regulado corretamente, as cores certamente estarão boas e pequenos ajustes poderão ser feitos na edição.
- Não use o branco automático. Sempre bata o branco no local da filmagem em uma superfície branca onde a luz principal incida;
- Não confie no ganho automático para melhorar o desempenho no escuro. Deixe-o sempre no modo manual em 0 dB;
- Em algumas situações específicas, mesmo com pouca luz, no caso de câmeras como as Sony Z5 e Z7, mesmo um ganho negativo de -6 dB pode dar melhores resultados;
- Para isso focalize em uma superfície escura no local da filmagem e vá diminuindo o ganho manualmente de 0 para algum valor negativo até obter um bom resultado. Lembre-se que ao diminuir o ganho, a imagem ficará mais escura e será preciso compensar com uma maior abertura da íris e menor velocidade de diafragma;
- Não adianta querer que a câmera “enxergue” o que seus olhos estão vendo em uma situação de pouca luz. Isso não acontecerá com a maioria dos equipamentos de captação de imagens, exceto em alguns especiais para essa função. O truque então é dar destaque ao que a câmera está “enxergando” bem. Capriche na imagem nesse ponto. Por exemplo: uma pessoa cantando em uma boate escura. Não adianta fazer um plano aberto. Ele só vai mostrar um ponto iluminado no centro do palco e uma panorâmica de pretos e ruídos sem definição;
- Foque no rosto artista em close ou plano americano e aproveite a luz de pino que sempre é colocada em cima ou na frente do artista. É melhor ter close-ups interessantes do que uma panorâmica pobre.
De destaque aos elementos que tem boa luz e assuma a escuridão como parte da história da cena. Fotograma do filme Baraka" de Ron Fricke (1992), EUA. |
Todas as dicas acima valem tanto
para situações com pouca luz como para as de sobre exposição. Muita luz também
empobrece a imagem e é bem mais difícil de corrigir do que as situações de subexposição.
O mais importante é ter o controle manual do equipamento e não deixar que ele
pense por você. O equipamento é burro. Você tem a inteligência de poder julgar
e aprender.
Grande abraço!
Marcelo Ruiz
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Marcelo Ruiz
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