26/01/2012

O pedido de concordata da Kodak e o futuro da película cinematográfica.

O futuro da película cinematográfica já estava decidido mesmo antes do pedido de concordata preventiva da Kodak. Uma grande parcela dos diretores de cinema da geração X e mesmo nascidos antes da Segunda Guerra Mundial já se posicionam a favor do cinema digital. Mesmo aqueles que se mostravam céticos no inicio da era digital no cinema, se declaram apaixonados pelo novo formato após alguma experiência com a captação digital de imagens.


Os jovens diretores nascidos na geração Y e muito provavelmente os estudantes da geração Z , que agora estão estudando cinema e televisão, já compartilham de uma visão mais natural sobre o cinema digital. Mesmo porque muitos estrearam em suas carreiras mesmo sem rodar um único filme em película.

Outra característica marcante do cinema digital, que é a disponibilidade imediata do uso dos conteúdos filmados, sem a necessidade do gasto de tempo com o processamento das imagens em película, casa muito bem com os traços predominantes desses jovens diretores: a pressa e a vontade absoluta de ver as coisas acontecerem em tempo real.

Do lado da indústria cinematográfica, os produtores e presidentes de grandes produtoras de cinema já se mostram preocupados com necessidade de envolver o telespectador, nas salas de cinema, com a mesma qualidade de imagem e áudio que estes desfrutam em seus lares com os novos equipamentos de vídeo doméstico de alta definição.

A idéia é que os filmes para cinema possam ter, através do aumento da cadência de quadros por segundo e da definição de captura das imagens, cenas de intensas movimentações de personagens e câmeras com a mesma fluidez e definição apresentadas em outras mídias digitais como o disco Bluray. Isso acontece porque a maioria das televisões de LED são capazes de exibir conteúdo em 1920 x 1080 pixels a 60 quadros por segundo.

Diretores como James Cameron e JJ Abrahans já estão emprenhados em parcerias com fabricantes de equipamentos e softwares para mudar a centenária taxa de 24 quadros por segundo da película para 48 ou 60 quadros por segundo. E o formato 4K está se tornando padrão de escolha. Até agora havia maior predominância em aquisição de imagens em 2K. Mas o avanço das câmeras de vídeo e das workstations baseadas em PC, capazes de lidar com facilidade com conteúdo em 4K, vão possibilitar o acesso de novos cineastas ao formato.

A americana RED Digital Cinema, que em 2007 apostou na captação digital para cinema e lançou o slogan “Shot on RED” tem se associado a gigantes de produção de software como a Adobe, que por sua vez, se associou a outro peso pesado do hardware, a Nvidia, para garantir aos usuários de softwares como o Premiere e o After Efects, desde o editor free-lancer independente até os grandes estúdios de edição e pós produção um acesso simplificado e sem traumas a ediçãoo em tempo real do antes temível formato R3D.

Eu mesmo consigo editar nativamente, em uma estação de trabalho bem projetada, conteúdos Red 4K no formato nativo R3D sem necessidade de intermediação por codecs ou transcodificação.

E na medida que editores e pós produtores não se sintam mais desconfortáveis com o novo padrão, é natural que as coisas no andar de cima, a aquisição de imagens, comecem a caminhar na mesma direção. E para finalizar, não ha sentido em filmar com película cinematográfica, para em seguida proceder a intermediação digital para a edição e acréscimo de efeitos visuais, para novamente ter que gravar o conteúdo através de transfer de volta a película. As coisas não funcionam assim no mundo dos negócios.

(Artigo publicado como participação no blog da Quantel sobre cinema digital e película.)

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Marcelo Ruiz

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